segunda-feira, 14 de setembro de 2015

BEATIFICADO PRIMEIRO MÁRTIR SUL-AFRICANO

Perante 30 mil pessoas, a Igreja católica beatificou este domingo o primeiro mártir sul-africano, Benedict Daswa, um professor morto em 1990 por se ter mostrado contrário à superstição de aldeões. 
 
Daswa foi proclamado beato numa carta lida em nome do Papa Francisco pelo cardeal italiano Angelo Amato, responsável da Congregação para as Causas dos Santos.
 
A leitura ocorreu diante de 30 mil pessoas, durante uma missa celebrada no povoado sul-africano de Tshitanini, perto da casa do agora beato, na província de Limpopo (nordeste).
 
«O venerável servidor de Deus Samuel Tshimangadzo Benedict Daswa, laico e pai de família (...), catequista zeloso, educador completo e testemunha heroica do Evangelho até ao derramamento do seu sangue, será chamado beato a partir de agora», declarou o cardeal Amato entre aplausos.
 
O Papa Francisco, que anunciou a beatificação em janeiro, prestou homenagem ao novo beato na Praça de São Pedro do Vaticano. «Hoje foi beatificado na África do Sul Samuel Benedict Daswa, um pai assassinado em 1990, há apenas 25 anos, pela sua fé no Evangelho», disse o sumo pontífice. «Na sua vida sempre mostrou uma grande solidez, defendeu com valentia as ideias do cristianismo e rejeitou os costumes terrenos e pagãos», acrescentou.
 
Benedict Daswa, professor católico, diretor de uma escola e líder comunitário na província de Limpopo (nordeste), é o primeiro mártir sul-africano reconhecido pela Igreja católica.
 
Daswa foi assassinado por aldeões por se negar a pagar pelos serviços de um bruxo que supostamente deveria acabar com os temporais que atingiam a região na época. Este pai de oito filhos opôs-se a contribuir para a coleta, já que a sua fé católica o impedia. Caiu numa emboscada na noite de 2 de fevereiro de 1990, quando ia para casa. Primeiro foi apedrejado, mas conseguiu escapar; mais tarde, foi encontrado e assassinado por espancamento com paus. Os assassinos deitaram posteriormente água fervente nos ouvidos e dentro do nariz de Daswa, para se assegurarem de que este estava morto.
 
«Foi tão injusto o que lhe aconteceu...», suspirava, na cerimónia, Tshiwela Sylvester, uma mulher de 50 anos que conheceu Benedict Daswa. «Espero que esta cerimónia ajude as pessoas a distinguirem entre bruxaria e religião», acrescentou.
 
«Enquanto os seus carrascos o matavam, Benedict rezava de joelhos. Rezou até ao último minuto da sua vida», afirma a biografia de Daswa, lida durante a cerimónia deste domingo.
 
Benedict Daswa morreu no anonimato neste mesmo dia, coincidindo com o anúncio da libertação do herói da luta antiapartheid, Nelson Mandela. Desde então, a sua reputação cresceu dentro da comunidade católica sul-africana. Fonte: Aqui