Associações “Onenoral” dos Filhos e Amigos da Secção de Suzana (AOFASS) visitaram esta segunda-feira as tabancas cujas bolanhas foram estragadas por águas salgadas no passado domingo, 31 de Agosto. Foi um número incalculável de hectares de bolanhas das tabancas de Elalab e Djobél, duas localidades situadas a cerca de 29 quilómetros de Suzana, sector de São Domingos e região de Cacheu, que ficaram estragados, provocando danos irreparáveis.
Segundo relatos dos populares locais, a invasão terá sido causada pela subida do nível das águas do mar registada na última semana do mês de Agosto em quase todo o país, com prejuízos ainda por determinar.
A inundação foi provocada pela corrente das águas que partiu os diques de proteção que serviam de barreira e impediam a entrada de águas salgadas para as zonas de água doce onde era cultivado o produto base da dieta alimentar dos guineenses e que já estava a crescido.
A inundaçáo pelas águas salgadas deixou os populares destas tabancas sem saber o que fazer e, nos próximos tempos, tornar-se-ão mais vulneráveis à fome. Existe a probabilidade de, se as populações ficarem sem água potável e se medidas preventivas não forem tomadas pelas autoridades locais em favor dos agricultores e proprietários das bolanhas afectadas, eles poderão ficar sem sementes para poderem tentar recuperar dos danos que a água causou.
Os populares pedem uma rápida intervenção dos autoridades ligadas ao sector, para as reparações necessárias e assim poderem ultrapassar as dificuldades causadas pela grande quantidade de águas salgadas que arrastou consigo e destruiu quase toda plantação de arroz nas bolanhas.
Depois de percorrerem as bolanhas afectadas pela inundação, o responsável pela Planificação e Projectos da Associação Onenoral dos Filhos e Amigos da Secção de Suzana, João Alberto Djata, pediu ao estado da Guiné-Bissau que assuma as suas responsabilidades, porque Djobél não tem condições para que seres humanos continuem a morar aí.
“A tabanca foi invadida pelas águas do mar. Não tem como conseguir água potável, não tem centro de saúde, escola e essa inundação acabou por danificar todas as bolanhas que eram a razão da existência da tabanca. Deslocam-se quilómetros, em pirogas, a procura da água potável. Portanto é preciso que o Estado tome dispositivos necessários para que estes populares possam encontrar um lugar melhor para viver” notou.
Este responsável estendeu ainda o seu pedido às ONG’s que operam naquela zona, no sentido de apoiarem estas tabancas de imediato e na medida das suas possibilidades, porque num prazo de três meses estes populares vão deparar-se com problemas de alimentação, enquanto o Estado continua a pensar em como mudá-los para uma localidade melhor.
João Alberto Djata informou que as pessoas não podem continuar a viver nestas condições no século XXI. O objectivo da organização AOFASS é promover o desenvolvimento nas tabancas que fazem parte da secção de Suzana, mas esta situação ultrapassa as suas capacidades. Assim sendo, a Associação Onenoral dos Filhos e Amigos da Secção de Suzana (AOFASS) vai fazer advocacia junto do Estado, ONG’s e outras organizações no sentido de conseguir meios para colmatar o sofrimento destes populares e, a longo prazo, conseguir espaço para a população de Djobel.
O Comité de Tabanca de Djobel, Baciro Nango, disse que estão cansados do espaço onde residem, mas não têm como fazer. Apelou ao Estado da Guiné-Bissau para lhes ajudar a encontrar um lugar melhor onde possam viver como seres humanos e cidadãos guineenses.
“A água salgada estragou todas as bolanhas, entrou nas nossas casas e neste momento toda gente, incluindo mulheres, são obrigadas a praticarem actividades pesqueiras para poderem viver. Portanto é urgente o apoio das autoridades sectoriais para nos salvar” revelou.
O Comité de Tabanca de Elalab, Rui Calés Djata, informou que a sua tabanca é uma ilha que vive só da actividade agrícola, principalmente lavoura de arroz. Disse ainda que estavam sem saber como fazer porque a água salgada estragou o arroz que já estava crescido. Aproveitou a oportunidade para pedir ao estado para os apoiar se não vão morrer à fome.
“O meu pai está de vida, ainda que com noventa anos de idade. Perguntei-lhe sobre a inundação que nos afectou no passado 31 de Agosto, se tinha acontecido nos anos anteriores, antes do meu nascimento. Ele respondeu que nunca tinha acontecido e esta é primeira vez na história desta tabanca ”notou.
De recordar que a subida da água do mar no passado 31 de Agosto provocou danos nas tabancas como Elalab, Djobel, Élia, Eossor e Bu.
Por: Aguinaldo Ampa