segunda-feira, 25 de abril de 2016

Astro de Futebol Nacional CÍRO “MON DI CAROCA” PEDE RECONHECIMENTO DO ESTADO GUINEENSE

Astro de futebol nacional, Círo José da Costa
O astro de futebol nacional que fazia vibrar os amantes de desporto-rei nos relvados e campos pelados do país, Círo José da Costa, pede o reconhecimento do Estado da Guiné-Bissau por tudo aquilo que fez para o futebol nacional. Círo “Mon di Caroca” como é conhecido no mundo de futebol, falava durante uma entrevista concedida ao jornalista guineense, Mussa Baldé, nos Açores (Portugal), onde vive actualmente desde que deixou o relvado, em 1990.
 
Para os que viveram o futebol na sua época, Ciro é sem dúvida o melhor jogador guineense de todos os tempos. O estilo de futebol que praticava leva a que seja considerado brasileiro em Portugal, aliás, onde, até hoje se discute a sua verdadeira nacionalidade. Muitos adeptos de futebol que viram o “Mon di Caroca” a jogar em Portugal não sabem que é guineense até hoje.

 Círo começou a jogar em Bolama/Bijagós, depois veio para a capital (Bissau) onde se juntou à equipa do Sporting de Clube de Bissau para mais tarde mudar para tentar a sorte no solo luso.

 
CÍRO: FUTEBOL NACIONAL ESTÁ PARADO, SE COMPARADO COM O TEMPO EM QUE JOGAVA
 
Ciro ‘Mon de Caroca’, como é conhecido e acarinhado pelo público guineense, mesmo pelos que só ouviram falar do seu passado, considerou que na sua visão o futebol nacional está parado, isto se comparado com o atual momento.
“Dá-me dor ver o nosso futebol como está, porque na altura quando ainda estava na Guiné, o desporto estava saudável, de lá à esta parte, ficou só a gatinhar”, notou o ex craque guineense. Lamentando seguidamente que “infelizmente” nada está a correr bem nessa área.
 
Questionado se estaria disponível, caso fosse convidado a assumir qualquer responsabilidade a nível do desporto, Ciro José Costa mostrou-se disponível, mas disse acreditar que esse facto vai depender de muitos condicionalismos. Em primeiro lugar, se os responsáveis desportivos do país reconheceriam a sua contribuição ao país enquanto futebolista, a sua qualidade e competência.
 
No entender do ex-atleta, se calhar os dirigentes desportivos vêm nele um inimigo que vai tirar lugar a alguém. Contudo, disse que aceitaria voltar para o país para dar a sua contribuição para o desenvolvimento do desporto, desde que o convite tivesse “cabeça, tronco e membros”.
 
Ciro é considerado por muitos analistas e vozes atentos ao nosso futebol, como um dos nossos melhores futebolistas de todos os tempos. Nesse particular, o ex-atleta defende afirmando não se considerar melhor jogador de todos os tempos e elege o Almeida, antigo jogador de Sporting de Bissau, o melhor detentor desse nome.
 
Ciro lembra que ele foi o único jogador guineense que abriu a sua negociação de contrato, a exceção de poder vir jogar pela seleção nacional, enquanto muitos só jogavam para o país quando já não tinham hipóteses de jogar na selecção portuguesa. Ciro lembrou-se ainda dos antigos jogadores como Nhama, Toni Burgo, Franklin entre outros, que a seu ver foram grandes jogadores, os quais admirava muito.
 
O craque fez saber que a seu conceito de melhor jogador de todos os tempos, cabem na verdade, todos os atletas que deram o seu máximo para o desenvolvimento do desporto nacional, porque ninguém pode obrigar alguém a jogar como outro, o importante é cada um dar o seu máximo.
 
Com um tom emocionado, Ciro lembrou-se do carinho e carísma que tinha pelos amantes de futebol em geral. Mesmo os adeptos adversários confessavam a sua paixão e admiração por ele.
 
“Mesmo sendo adeptos das equipas adversárias, confessavam a sua admiração por mim”, contou o ex- internacional, considerando que “se viver situações como essas faz de alguém melhor jogador de todos os tempos, então sou melhor jogador de todos os tempos”, conclui.
 
CIRO RECONHECE ESTAR UM POUCO DISTANTE DA GUINÉ-BISAU
 
O ex – jogador da Seleção Nacional de futebol revelou que não acompanha com muita frequência os acontecimentos na Guiné-Bissau, devido ao deficitário canal de informações sobre o país no estrangeiro, por isso reconheceu que está um bocado distante do país.
Assegurou ainda que não acompanha os noticiários com frequência não por falta de interesse, mas também devido ao seu trabalho, que lhe deixa muito tempo para acompanhar a vida nacional.
 
Instado a comentar a actualidade política do país, o ex futebolista foi peremptório em afirmar que soube da crise política que assola o país ultimamente, que na sua opinião está a caminhar para a sua parte final, pelo que mostrou-se esperançado num final feliz para o bem do país.
 
CIRO NEGA QUE A FINAL DA TAÇA AMÍLCAR CABRAL FOI “VENDIDO” AO SENEGAL
 
Reltaivamente a prestação da selecção nacional na final de “Taça Amílcar Cabral” na Mauritânia em 1983, que de acordo com informações não oficiais, o jogo teria sido negociado pela caravana nacional, acabando a turma nacional por perder por três bolas sem resposta contra a seleção senegalesa.
 
Ciro fez questão de esclarecer o que aconteceu naquela final. Disse que são falsas e sem fundamentos as referidas informações que dizem que o jogo foi vendido a favor dos senegaleses. No entanto, defendeu que a selecção do Senegal foi um justo vencedor, porquanto era a equipa mais bem preparada em relação a turma nacional.

 Ciro lembrou ainda que antes do torneio, o Senegal estagiou-se, cerca de um mês, na França para preparar a sua participação na prova, e dispunha de melhores condições.
Para o ex internacional, a turma nacional não tinha tempo suficiente de repouso depois do jogo das meias-finais frente a Mauritânia, que eliminou no prolongamento, depois de 120 minutos do jogo, com apenas dois dias para jogar final com uma equipa que venceu o seu jogo das meias-finais nos 90 minutos e com três dias de repouso. Sustentou ainda que a turma nacional não tinha uma equipa médica a altura de recuperar a tempo os atletas dos problemas físicos.
 
Em relação ao contrato que tinha com o Benfica de Portugal, Ciro explicou que ficou no Benfica de Portugal, equipa com qual teve um contrato profissional. Declarou que a legislação que vigorava na época não lhe favoreceu, na medida em que não era permitido muitos estrangeiros numa equipa. Por isso, segundo ele, foi cedido ao Feirense onde cumpriu o contrato.
 
QUEM É CIRO JOSÉ DA COSTA
 
Ciro José da Costa é um cidadão guineense que nasceu na Guiné-Bissau. Ele jogava muito bem e até era parecido aos craques pela forma que jogava.
 
O astro de futebol guineense cresceu no time de Bolama/Bijagós. Depois entrou para a capital, onde jogou no Sporting Clube de Bissau. Era visto como alguém que nascera com a bola no pé, porque não praticava um futebol normal.
 
Ciro Mon di Caroca, como era apelidado pelos seus fãs, deixou o Sporting de Bissau e na altura foi o melhor jogador guineense e seguiu para Portugal, a fim de tentar a sorte na terra lusa.
 
Em Portugal esteve nos juniores do Sport Lisboa e Benfica, depois foi para SC Farense. Teve igualmente passagens pelo Penafiel, Juventude e Lusitano, ambos de Évora. Círo foi o melhor jogador em Portugal, no ano de 1987. Terminou a sua carreira futebolista nos Açores, onde aliás, vive desde os anos 1990.
 
Atualmente vive da música, mas não desconsidera a oportunidade de um dia voltar a Guiné-Bissau para se dedicar ao dirigismo desportivo.
 
 
Por: Assana Sambú/Alcene Sidibé
Cortesia do Jornalista, Mussa Baldé