A ícone da canção guineense lamenta a falta de valorização pelo governo.
"Sei que o povo gosta de mim." Esta afirmação é da cantora Dulce Neves, que mesmo com limitado apoio mantem-se firme.
Em conversa com a VOA, em Bissau, ela desabafa: "O governo da Guiné-Bissau não sabe se a Dulce existe", mas "Dulce é património da Guiné-Bissau".
“Tenho fé que um dia vão-me dar valor,” diz com humildade.
Dulce Maria Vieira das Neves, que nas suas últimas actuações tem aparecido descalça, é uma figura incontornável das artes da Guiné-Bissau.
Inspirada na dança Tina, Dulce realiza exibições cheias de vida.
Ela iniciou a carreira, aos 15 anos, no legendário Super Mamadjombo.
Mas na década de 1980, foi forçada a seguir a solo, porque a maioria dos colegas do Mamadjombo deixaram o país para outras aventuras.
Não foi fácil. No seio familiar, seguir a carreira musical não era uma opção encorajada. A sua insistência custou casamento a sua mãe. E cedo, a cantora assumiu a educação dos irmãos mais pequenos.
No meio de dificuldades, na década de 1990, Dulce gravou o seu primeiro disco, Nha distino, com o apoio da Galxia de Pindjiguiti, uma rádio privada.
Hoje, Dulce Neves, com quatro álbuns, sendo Udju di minunus, o recente, sente-se uma mulher realizada.
Aos 56 anos, a cantora muitas vezes comparada a Aicha Koné, da Costa do Marfim, e Miriam Makeba, da África do Sul, transpira muita juventude, e diz que não tem “idade para envelhecer”.
O segredo disso, explica, é “fazer uma vida mais simples, conservar a nossa imagem, controlar a nossa fama, porque a sociedade é muito pequena”.
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