segunda-feira, 9 de maio de 2016

AGENTES DE SEGURANÇA DE CUNTABANI SEM MEIOS PARA FISCALIZAR FRONTEIRA


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Fonte: odemocratagb.com

O Vice-Administrador do Sector de Quebo, Região de Tombali, Alfa Embaló, denunciou numa entrevista exclusiva ao semanário “O Democrata” que os elementos da Guarda Fronteira colocados no posto de Cuntabani estão sem meios de transporte que lhes permitam fiscalizar a linha fronteiriça, sobretudo as vias clandestinas, a fim de evitar a entrada e o contrabando de mercadorias e materiais.
Cuntabani é uma das secções que fazem parte do sector de Quebo e se encontra na linha da fronteira com a Guiné-Conacri. Actualmente é uma das vias mais usada pelas pessoas que viajam da Guiné-Bissau para a Guinée-Conacri e vice-versa.

O governante informou ainda que os elementos de segurança colocados no posto fronteiriço de Cuntabani dispõem apenas de uma motorizada, que segundo ele, não é suficiente para fiscalizar todos os pontos de entrada clandestinos da linha fronteiriça. Sublinhou que a secção de Cuntabani dispõe de 11 caminhos clandestinos descobertos pelas autoridades.
“Mesmo possuindo meios de transporte, é difícil controlar essas entradas, porque cada vez que se aperta o cerco, eles abrem novas vias de entrada. Por isso é necessária a colaboração da população, particularmente para denunciar junto das autoridades os actores desta prática”, contou.
O Vice-Administrador do Sector de Quebo falou durante a entrevista da solicitaçäo feita à Secretaria de Estado de Administração e Poder Local no sentido de aumentar meios de transportes (motorizadas), para os elementos de segurança, porque “só com uma motorizada não se pode fazer a cobertura atempada daquela zona, mas até então não recebemos reposta”.
Alfa Embaló aproveitou a ocasião para denunciar a falta de colaboração que se verifica entre as autoridades centrais e as forças de segurança do posto de Cuntabani.
“Deve haver uma estreita colaboração entre as autoridades central, nomeadamente a Polícia Judiciária, a Segurança do Estado e as forças de Guardas Fronteira. No passado recente, o caso dos terroristas que passaram por esta zona, isso deveu-se à falta de informação. Os seguranças colocados na linha fronteiriça não tiveram informação atempada da presença dos terroristas nessa zona, mas eles ficaram alguns dias aqui e as forças de segurança só souberam da sua presença depois de atravessarem a nossa fronteira”, precisou.
CHEFE DE TABANCA DE CUNTABANI ASSUME O PAPEL DE MÉDICO
Em relação a situação da secção de Cuntabani, Alfa Embaló revelou que aquela secção depara-se com o problema da situação sanitária, que considera de precária.
Todavia, denunciou que o próprio chefe de tabanca é quem assume, às vezes, o papel de médico e dá assistência de primeiros socorros aos doentes que se encontram em estado crítico, antes de serem evacuados para centro de saúde de Quebo ou hospital de Bafatá.
Contou que a secção de Cuntabani não tem centro de saúde em condições, pelo menos para o atendimento de casos ligeiros, tendo explicado que as mulheres grávidas da referida secção acabam por perder a vida no momento de parto, por causa do atendimento tardio.
“Sabe-se que, nas comunidades rurais, a maior parte da nossa população não tem poder económico, por isso muitas pessoas não conseguem evacuar as suas famílias para o tratamento em Quebo ou Bafatá em caso de urgência. Esta situação pode ser considerada uma das causas de perda de vidas da população local, particularmente das mulheres grávidas”, disse.
O administrador exortou o executivo, através do ministério de Saúde Pública, no sentido mandar construir um centro de saúde condigno que tenha, pelo menos, um médico e três enfermeiros para o atendimento dos habitantes. Acrescentou que neste momento da campanha de castanha de cajú regista-se entradas de mais de dois mil cidadãos da Guinée-Conacri diariamente, que segundo ele, alguns apresentam um estado de saúde crítico que devia merecer a preocupação das autoridades.
“A secção tem somente um centro de saúde muito pequeno que não tem condições para dar assistência mínima dos primeiro socorros”, observou.
SECTOR DE QUEBO CARECE DE ÁGUA POTÁVEL E INFRAESTRUTURAS SANITÁRIAS
O vice-administrador do Sector de Quebo, Alfa Embaló, afirmou ainda durante a entrevista que o sector sob sua jurisdição é carente de tudo, incluindo água potável e infraestruturas sanitárias que, segundo ele, são elementos essenciais para o desenvolvimento do sector.
Embaló disse ainda que actualmente o sector depara-se com o problema da posse de terras, mas que a situação está a ser controlada graças à intervenção do regulado e das autoridades administrativas que demostraram a firmeza.
Lembrou durante a entrevista, que havia um empresário que saiu de Bissau com uns documentos, para ocupar uma área de 250 hectares da mata na secção de Saltinho, concretamente na povoação de Sintcham Sambel. Acrescentou ainda que os habitantes daquela aldeia não permitiram o dito empresário a ocuparem a mata, e que se mostraram disponíveis para entrar em confronto com ele.
“O empresário tinha colocado os seus materiais no terreno, mas decidimos suspender os trabalhos para inteirarmo-nos, junto da comunidade, sobre a real situação, de forma a podermos posicionarmo-nos melhor ”, contou.
Relativamente à situação da criminalidade e de violação sexual, Alfa Embaló admitiu que se registava muitos casos de género no sector. Acrescentou ainda que se tem registado vários tipos das violações, desde os de direito humano, assassinatos, sexual, entre outros.
Sustentou que se registam também consumos de canábis (droga) por parte dos motoristas denominados de “Taxi Moto”. Porém, frisou que as autoridades locais não pouparam esforços no combate à todo o tipo de criminalidade e não só, como também na luta para estancar o consumo de canábis.
O nosso entrevistado explicou neste particular que decidiram, através do Sindicato dos Motoristas (SIMAPA) no sector, adoptar uma medida de controlo para os transportadores denominados “táxi moto”, que segundo ele, “dizem que consomem canábis e por isso provocam situações de desastres, pelo que agora decidiram seguir as suas movimentações nas tabancas, em colaboração com os elementos de SIMAPA”.
Acrescentou que uma das medidas adoptadas é a redução de tempo de circulação, dado que circulavam 24 horas sem parar. Agora passaram a circular menos tempo, ou seja, das 07 às 19 horas.
Por: Rafaela Iussufi Quetá