Presidente do PAIGC pede eleições antecipadas.
O antigo representante especial do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau e que supervisionou o processo eleitoral de 2014, José Ramos Horta, defendeu um compromisso político entre os actores guineenses até às próximas eleições, sem descurar a ajuda da comunidade internacional.
O Prémio Nobel da Paz e ex-presidente de Timor Leste apontou como caminho para este compromisso um "retiro" de três dias, por exemplo, com a participação de todos os intervenientes desta crise que vem de Agosto de 2015.
“Com apoio de pessoas credíveis ou aceites por todas as partes para ajudar a gerir este retiro, de onde sairá uma solução de compromisso que pelo menos vigore até às próximas eleições para que a economia possa andar", defendeu Ramos Horta que, com esta iniciativa, acredita que poderão baixar as tensões.
O antigo responsável da ONU em Bissau, que reconheceu em declarações à Rádio ONU ter sido sondado para ajudar a encontrar uma solução, advertiu que "não se pode esperar uma solução perfeita" e "uma solução razoável seria com a mediação de especialistas".
Perante a crise política actual, Ramos Horta elogiou os militares pela "tranquilidade e serenidade" diante da situação do país.
Contactos de José Mário Vaz
Em Bissau, o Presidente José Mário Vaz encontrou-se nesta terça-feira, 10, com os partidos políticos e o grupo dos 15 dirigentes expulsos do PAIGC na tentativa de encontrar uma solução para a crise política.
A saída do encontro com o Chefe de Estado, o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, defendeu "a dissolução do parlamento, mantendo o actual governo, sob formato de gestão, e a convocação de eleições legislativas".
Para Simões Pereira, desde o início ,"nunca teve dúvidas que a razão do conflito é que o Presidente sempre quer governação, quer concentrar nas suas mãos todas as competências que são de outros órgãos da soberania".
Por seu lado, o porta-voz do principal partido da oposição, PRS, Victor Pereira, não quer antecipar os cenários do Presidente.
"Nós apoiaremos todas a decisões que representem os interesses do pais e do povo. O vencedor das eleições não quer por nada neste mundo pautar por regras constitucionais", justificou.
Observadores na Guiné-Bissau admitem que o Parlamento poderá cair a qualquer momento. Voz da América