sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

GÂMBIA: CEDEAO FAZ ULTIMATO A YAHYA JAMMEH

default

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental suspendeu a operação militar na Gâmbia para uma última mediação. Presidente cessante Yahya Jammeh foi intimado a entregar o poder até ao meio-dia.

Yahya Jammeh tem até às 12 horas desta sexta-feira (20.01) para deixar a Presidência da Gâmbia e sair do país, anunciou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Na quinta-feira, tropas da coligação militar regional entraram no país para expulsar Jammeh, derrotado nas eleições de 1 de dezembro. Mas a operação foi suspensa horas depois, para dar lugar a uma última mediação liderada pelo Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, em Banjul.

"Se até ao meio-dia, [Jammeh] não aceitar sair do país sob a proteção do Presidente Condé, então as tropas vão passar à intervenção militar propriamente dita", afirmou o guineense Marcel Alain de Souza.


Na quinta-feira, soldados do Senegal entraram na Gâmbia para expulsar Yahya Jammeh
"
Não vou envolver as minhas tropas numa guerra estúpida"

Na capital gambiana, milhares de pessoas saíram às ruas para celebrar a tomada de posse do Presidente Adama Barrow em Dacar, no Senegal, e a entrada no país da coligação regional militar. Alguns soldados uniram-se aos opositores a Jammeh, incluindo o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, o general Ousman Bargie, que anunciou, na quarta-feira, a sua decisão de se submeter à autoridade do novo Presidente Adama Barrow.

"Não vou envolver as minhas tropas numa guerra estúpida", afirmou Bargie. Por isso, as tropas regionais não encontraram nenhuma resistência enquanto marchavam até à capital para restabelecer a ordem constitucional.

O enviado da DW à Gâmbia, Adrian Kriesch, diz, no entanto, que, de um modo geral, o ambiente em Banjul está calmo e as ruas ficaram desertas rapidamente.

"Muitas pessas estão com medo. Não sabem o que vai acontecer, um cenário destes nunca tinha surgido antes", salienta Kriesch. "As ruas encontram-se desertas em praticamente todo o país, os gambianos preferem recolher-se nas suas casas. Mas a maioria é de opinião que a intervenção é difícil de evitar. Jammeh não respeitou o ultimato, agora não há outra saída, apenas uma intervenção militar. Parece ser esta a atitude dos gambianos."

"Neste país gerimo-nos por leis"

O ministro da Informação, leal a Jammeh, desvalorizou as ameaças do Senegal, da Nigéria e da CEDEAO, em geral.

Seedy Njie disse que Jammeh "permanecerá no poder", como foi solicitado pela maioria no Parlamento do país, que aprovou o estado de emergência declarado por Jammeh, autorizando-o a ficar mais três meses no poder.

O ministro disse ainda que não acredita que haja intervenção militar no seu país.

 "Neste país gerimo-nos por leis e não por ameaças de países estrangeiros", afirmou. "A Gâmbia está calma e os cidadãos confiam que as leis do país serão seguidas e que o país mantenha a sua soberania."

Fontes locais referem, entretanto, que Yahya Jammeh prepara a saída do país com destino a Marrocos, país de origem da sua mulher, que lhe terá oferecido asilo.

Fonte: DW África


Tropas do Senegal integradas no contingente da CEDEAO entraram esta noite (19.019) na Gâmbia para expulsar o ex-presidente Yahya Jammeh, que se nega a ceder o poder em Banjul, informaram à Agência Efe fontes militares.

Soldados senegales a caminho da Gâmbia

A operação militar começou pouco depois de o Conselho de Segurança da ONU aprovar uma resolução que respalda as gestões da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) para conseguir que Jammeh entregue o poder, divulgada instantes após a posse de Adama Barrow como novo Presidente Num ato realizado na embaixada da Gâmbia em Dacar.

ONU respalda novo presidente e gestões africanas para transição na Gâmbia

O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta quinta-feira uma resolução que respalda o novo presidente da Gâmbia, Adama Barrow, e que apoia as gestões da CEDEAO para conseguir que o ex-Presidente, Yahya Jammeh, entregue o poder.

O texto, impulsionado pelo Senegal, foi adotado por unanimidade apenas uma hora depois que Barrow assumiu seu cargo como presidente na embaixada de seu país em Dacar, enquanto em Banjul seu rival seguia negando-se a deixar o posto.

O Conselho de Segurança reiterou o seu pedido a Jammeh para que transfira o poder hoje mesmo (19.01) e expressou seu "total apoio" às ações da CEDEAO, mas sem fazer referência específica à possibilidade de uma intervenção militar para forçar a saída do até agora Presidente.

Senegal Gambias neuer Präsident Adama Barrow (picture-alliance/AP Photo)
Posse do Presidente Adama Barrow, na embaixada da Gâmbia em Dacar

O parágrafo-chave do texto, que foi ligeiramente modificado nas últimas horas, respalda o "compromisso da CEDEAO para assegurar, primeiro por meios políticos, o respeito dos desejos do povo da Gâmbia, como se expressou nos resultados das eleições de 1º de dezembro".

CS pede cooperação com o Presidente Barrow

A resolução não fez menção concreta a uma possível ação armada, mas convocou todos os países da região e as organizações regionais a "cooperar com o Presidente Barrow em seus esforços para conseguir a transferência do poder".

Nesse sentido, os representantes de vários Estados-membros disseram aos jornalistas que a intervenção militar da CEDEAO seria perfeitamente legal se Barrow a solicitar, uma vez que é agora o chefe de Estado da Gâmbia.

Senegal Unterstützer des gambischen neugewählten Präsident Adama Barrow in Dakar (Reuters/T. Gouegnon)
Gambianos festejam a posse do novo Presidente, Adama Barrow

Apesar de tudo, os membros do Conselho de Segurança confiam que a crise ainda possa ser resolvida pela via diplomática e pediram a todas as partes, dentro e fora da Gâmbia, que "exerçam moderação, respeitem o Estado de direito e assegurem uma transição pacífica".

Aviões nigerianos sobrevoam Gâmbia

A força aérea nigeriana realizou esta tarde (19.01) voos de reconhecimento sobre a capital da Gâmbia, enquanto o Presidente gambiano eleito, Adama Barrow, prestava juramento no Senegal e o Presidente cessante, Yahya Jammeh, continuava a recusar abandonar o poder.

"A nossa força aérea está neste momento a sobrevoar a Gâmbia", confirmou à agência France Presse o porta-voz do Exército do Ar nigeriano, Ayodele Famuyiwa, acrescentando que os aparelhos envolvidos "têm capacidade de atacar" caso Yahya Jammeh não ceda a Presidência a Barrow.

Ex-Presidente Yahya Jammeh

O mesmo porta-voz disse acreditar "que (Jammeh) está prestes a rever a sua posição. Ele pode retirar-se", mas sublinhou que as tropas nigerianas "estão prontas e estão lá para fazer cumprir o mandato" da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO). 

Fonte: DW África