quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

NIGÉRIA E SENEGAL PRONTAS PARA INTERVIR NA GÂMBIA


A Força Aérea nigeriana anunciou nesta quarta-feira, 18, ter enviado 200 homens e aviões ao Senegal, no âmbito de um mandato da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para pressionar o Presidente da Gâmbia em final de mandato, Yahya Jammeh, para que reconheça a vitória do rival, Adama Barrow.
 
O exército nigeriano informou que foram também enviados uma esquadrilha, incluindo um avião de combate, cargueiros, um helicóptero e um avião de vigilância e de reconhecimento para Dacar.
 
Ainda segundo o comunicado, essas aeronaves devem operar na Gâmbia.
 
"Esse envio está previsto para desmantelar qualquer hostilidade, ou os descumprimentos da lei, que possam acontecer, já que Gâmbia está em uma paralisia política", acrescenta o texto.
 
"Outras tropas regionais vão colaborar com essa força", completa a nota do Exército nigeriano, citando Senegal, Gana e "países da sub-região".
O porta-voz do Exército senegalês já declarou estar preparado para intervir na Gâmbia, a partir do primeiro minuto desta quinta-feira, 19, "se a solução política falhar", referindo-se à crise no país vizinho.
A cerimónia de posse do novo presidente deve acontecer nesta quinta-feira.
 
"Nossas tropas estão em alerta e treinando desde o início da crise. O ultimato vence à meia-noite. Se a solução política falhar, iniciaremos" as operações na vizinha Gâmbia, disse o coronel Abdou Ndiaye.
 
Estado de emergência
 
A CEDEAO já advertiu, em várias ocasiões, que pode recorrer à força em última instância.
A Gâmbia está mergulhada numa crise desde que Jammeh anunciou, a 9 de Dezembro, que não reconhecia os resultados das eleições presidenciais realizadas a 1 de Dezembro.
Na terça-feira, 17, Jammeh declarou um estado de emergência.
 
“Todos os cidadãos e residentes da Gâmbia são banidos de quaisquer actos de desobediência, incitamento da violência e que perturbem a ordem pública e a paz”, disse Jammeh à televisão pública.
 
​Ele orientou as "forças de segurança para manter a paz e ordem em todo o país”.

O estado de emergência será até o Tribunal Supremo se pronunciar em relação à uma reivindicação do seu partido sobre irregularidades na votação.

O Supremo deveria ter lidado com o caso no passado dia 10, mas adiou para Maio alegando incerteza sobre uma transição política pacifica.
 
Yahia Jammeh, que governou a Gâmbia por 22 anos, perdeu as eleições a 1 de Dezembro de 2016.
Inicialmente, Jameh aceitou a derrota, mas uma semana depois apontou irregularidades no processo para justificar a realização de novas eleições e a sua continuidade no cargo.
Jammeh alega muita “interferência estrangeira” no processo.
 

 
Dakar - Depois de mais de duas décadas no poder, o Presidente cessante da Gâmbia Yahya Jammeh, que admitiu governar o país durante um bilião de anos, enfrenta uma eventual intervenção militar se não abandonar o poder.
Poucos minutos depois da meia-noite local, o prazo estabelecido pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para Yahya Jammeh apresentar a sua demissão, não tinha tomado qualquer posição.
A agência Lusa cita um comandante militar da CEDEAO como tendo anunciado que as tropas já estavam posicionadas ao longo das fronteiras da Gâmbia.
 
Pouco antes da meia-noite de quarta-feira, Yahya Jammeh esteve reunido com o Presidente da Mauritânia, Mohammed Ould Abdelaziz, que deixou o país às primeiras horas de hoje.
 
Milhares de gambianos deixaram o país, incluindo alguns antigos ministros que apresentaram a demissão nos últimos dias.
 
Centenas de turistas estrangeiros foram retirados em voos especiais, embora alguns optassem por permanecer a relaxar junto das piscinas, apesar da tensão que se vive o país.
 
A Gâmbia é um popular destino dos turistas britânicos, a antiga colónia Britânica.
 
A zona central de Banjul, capital da Gâmbia, estava vazia, com todas as lojas fechadas, mas não havia a presença visível de militares, com excepção do posto de controlo à entrada da cidade.
A Gâmbia vive uma grave crise política depois do Presidente cessante anunciar que não reconhece os resultados das eleições presidenciais, realizadas a 01 de Dezembro, uma semana depois de ter felicitado Adama Barrow pela vitória no escrutínio.
 
Adama Barrow está actualmente em Dakar, capital do Senegal.
 
Yahya Jammeh chegou ao poder na Gâmbia em 1994 através de um golpe de Estado e desde então lidera aquele pequeno país anglófono com menos de dois milhões de habitantes, um enclave no território do Senegal com acesso ao Oceano Atlântico.