Os 54 países-membros da UA vão eleger, na reunião de dois dias em Adis Abeba, o sucessor da presidente da Comissão, a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma, que anunciou que não se candidataria a um segundo mandato.
A eleição, prevista para julho do ano passado, falhou, quando nenhum dos três candidatos conseguiu reunir os dois terços necessários de votos, tendo ficado adiada a escolha para janeiro.
Chefe da diplomacia da Guiné Equatorial é um de cinco candidatos
Entretanto, Specioza Wandira Kazibwe, antiga vice-Presidente do Uganda, que era considerada a favorita na corrida, desistiu da candidatura, mantendo-se a ministra dos Negócios Estrangeiros do Botsuana, Pelonomi Venson-Moitoi, e Agapito Mba Mokuy, chefe da diplomacia da Guiné Equatorial -- país que aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014.
Desde então, juntaram-se mais três candidatos: Moussa Faki, ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo primeiro-ministro do Chade; a chefe da diplomacia do Quénia, Amina Mohamed, e o representante especial das Nações Unidas Abdoulaye Bathily, do Senegal.
Os temas em cima da mesa
Um dos temas mais importantes da cimeira é a possibilidade de reintegração de Marrocos - uma intenção já assumida pelo rei marroquino, Mohammed VI -, país que abandonou a UA em 1984 em protesto pela admissão da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), proclamada pela Frente Polisário.
Agapito Mba Mokuy, chefe da diplomacia da Guiné Equatorial, é um dos candidatos à presidência da União Africana
Outro tema em cima da mesa é a procura de uma solução para a estabilização do Sudão do Sul, onde a violência étnica persiste sem solução à vista, e que já vitimou dezenas de milhares de pessoas desde 2013.
O secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, intervém na abertura da cimeira e deverá reunir-se com o Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, à margem da reunião de líderes.
Outro tema que divide os países africanos é o Tribunal Penal Internacional, de que o Burundi, a África do Sul e a Gâmbia se retiraram no ano passado, considerando que este organismo é injusto para com África, enquanto o Senegal e o Botsuana o defendem.
Angola concorre a lugares na comissão
O vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, partiu este sábado (28.01.) de Luanda para a Etiópia, com o país a concorrer a lugares de comissário da organização.
Manuel Vicente representa Angola na cimeira da UA. Angola apresentou candidatos a cargos na Comissão.
Angola lançou nos últimos dias uma forte campanha diplomática, durante a preparação da Cimeira, para apoio aos dois candidatos que apresenta aos cargos de comissários da organização para os Assuntos Políticos, Tete António, e para o Comércio Rural e Agricultura, Josefa Sacko, processo que tem sido liderado pelo ministro das Relações Exteriores angolano, Georges Chikoti.
Tete António é atualmente representante da União Africana junto das Nações Unidas, enquanto Josefa Sacko chegou a ser secretária-geral da Organização Inter-Africana do Café.
São Tomé e Príncipe recebe pedidos de apoio a várias candidaturas
O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, também se deslocou à capital etíope, Addis Abeba, para representar o seu país na 28.ª Cimeira dos Chefes e Estado e do Governo da UA.
Patrice Trovoada, primeiro-ministro são-tomense, não revelou quem vai apoiar na corrida à Comissão da UA.
O primeiro-ministro são-tomense confirmou que o seu país recebeu pedidos de apoio de vários países, incluindo Angola, que se candidataram a cargo na Comissão da União Africana, tendo sublinhado que a posição do seu país só será conhecida durante a cimeira, na segunda-feira.
"O Presidente da República recebeu vários emissários. Nós estivemos a analisar a situação, há um princípio, à partida, que é de solidariedade com a candidatura da nossa sub-região", explicou o governante. "Infelizmente, a nossa sub-região não terá só uma candidatura, por isso iremos apreciar e exercer o nosso direito de voto. O que importa é escolhermos, de facto, a personalidade que tem a competência para assumir a presidência da comissão", afirmou.
Fonte: DW África