segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

GUERRA EM MOÇAMBIQUE: FAMÍLIAS DESLOCADAS PASSAM FOME EM VANDÚZI

Quando é que acaba este sofrimento? Os cães raivosos da CPLP estão escondidos debaixo da mesa com medo de quê e de quem? Não se compreende o silêncio ensurdecedor desses cães. Guiné-Bissau i lubu ku kema costa.

As famílias que continuam a viver no centro de acomodação de Vandúzi estão a sobreviver com base em mangas verdes, que tem sido o seu principal alimento, depois de nos últimos dois meses, segundo relataram, não terem recebido apoio alimentar do governo, através do Instituto nacional de Gestão de Calamidades (INGC).

A nossa reportagem, que escalou o local por volta das 12h00 deste domingo, testemunhou cenário de uma família que “lutava” em torno de uma bacia de mangas, o que nos levou a acreditar que mesmo perante os dias de incerteza, as pessoas preferem passar fome do que voltar às suas zonas de origem, devido à instabilidade.

Estas mangas fomos tirar ali no mato, nas montanhas. Assim estamos a almoçar. Não temos comida desde Novembro último. Assim este é almoço e mata-bicho em simultâneo, aqui não há mesmo comida”, contou Maria Francisco que comia mangas com as suas duas filhas, enquanto outras três estavam no lume para o jantar.


Daniel José, outro deslocado que vive no referido centro, precisou que desde que se instalaram naquele local o governo vinha prestando assistência alimentar, “mas desde Novembro até agora, não trouxeram mais comida. Mas estão a prometer que dentro dos próximos dias teremos comida”.

José pediu ao governo para olhar para falta de bens alimentares como prioridade, uma vez que as famílias estão instaladas num local onde apenas podem contar com apoio das autoridades governamentais.

Agradecíamos que o governo fosse oportuno na intervenção sobre alimentos. Veja que aqui tem muita gente aglomerada e sem outros parentes que vem cá para poder ajudar”, disse Daniel José, para quem a assistência às famílias é urgente, antes que a fome comece a provocar outras situações que podem degradar a saúde dos que ali vivem.

Além de mangas, as famílias recorrem a biscates nas machambas das populações circunvizinhas, para garantir o seu auto-sustento.