sexta-feira, 13 de abril de 2018

EMBAIXADOR GUINEENSE EM CONACRI ENTREGA MATERIAIS DO ESCRITÓRIO DE CABRAL A ESTADO-MAIOR

O embaixador da Guiné-Bissau na República da Guiné-Conacri entregou esta sexta-feira, 13 de Abril de 2018, ao Estado-Maior General das Forças Armadas o resto dos materiais do uso direto de Amílcar Lopes Cabral.
 
O leque dos materiais, que integra um armário vertical de arquivos, dois de tamanho menor, um ar condicionado (antigo modelo), uma máquina de datilografia, quatro assentos, dois rádios de comunicação e uma secretária (pequena mesa de jantar).
 
As peças eram do escritório do pai fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana, onde desenhava todos os planos ligados a todo o processo de luta de libertação nacional a partir de Conacri. Os utensílios utilizados por Amílcar Cabral para desencadear a estratégia de luta de libertação nacional serão colocados no Museu Militar da Guiné-Bissau para a reconstrução da história nacional.
 
Ernesto Muntaga Jaló, embaixador extraordinário e plenipotenciário da Guiné-Bissau em Conacri, encara o ato como “segundo regresso” de Cabral à Guiné-Bissau, sendo o primeiro a transladação dos seus  restos mortais de Conacri ao país. Outra nota centra-se, segundo Ernesto Jaló, em dar oportunidade à população e aos estudantes em conhecerem a “ história recente” da luta de libertação nacional e servir de matéria para tese dos estudantes que queiram escrever sobre Cabral ou a luta de libertação.
 
“A reconstituição da nossa história deve começar aqui no Quartel General para que todos os guineenses conheçam a história do seu país, porque quem não conhece a história do seu país, não pode falar dele”, defende, informando que a embaixada da Guiné-Bissau em Conacri já está a proceder à recuperação de três edifícios naquele país vizinho, que albergava antigo secretariado do PAIGC, casas de Amílcar Cabral e de Aristide Pereira.
 
O diplomata avança, no entanto, que a representação guineense em Conacri vai construir uma nova chancelaria (uma repartição guineense em Conacri)  e um Museu de luta de libertação nacional a serem inaugurados todos no dia 24 de Setembro de 2018.
 
“O chefe de Estado-maior  e a sua equipa serão  convidados para a inauguração dessas infraestruturas. Já construímos uma estátua de Cabral de bronze  de um metro(1m) e sessenta e cinco centímetros (65cm), que será erguida no seu memorial, lugar onde foi assassinado e recuperamos também o seu carro que está bem pintado”, informou.
 
Na sua curta declaração, chefe de Estado-maior General das Forças Armadas, Biaguê Na N’tan, defende, por sua vez, que a história da luta de libertação  e feitos dos “gloriosos combatentes” devem ser recuperados  e contados à geração mais nova.
 
“Por isso construímos este Museu Militar para conservar todos os instrumentos utilizados para os curiosos, estudantes e intelectuais recorrerem a esses materiais e reconstruir a história do nosso país”, realça, justificando que nada foi feito ao contrário do Museu, “senão recordar o sacrifício e a história dos combatentes para que o país fosse livre e independente do jugo colonial”.
 
Neste sentido, apela a todos os guineenses e combatentes da liberdade da pátria no sentido de recuperarem todos os vestígios dos materiais utilizados na guerra encontrados onde quer que seja.
 
“A nossa missão é garantir que haja a paz e tranquilidade, por isso apelo a jovens que recorram ao Museu para conhecer a vossa história”, disse. O Ministro da Defesa Nacional do governo demitido, Eduardo Sanhá, lembra que foi através desses materiais que Amílcar Cabral dirigia a luta de libertação nacional e todos os planos, nomeadamente político, diplomático e militar.
 
De forma pormenorizada Albertinho António Cuma, chefe da divisão de assuntos sociais e de relações públicas de Estado-Maior, fez uma retrospectiva sintética dos planos desenvolvidos por Amílcar que resultaram na independência do país, tendo concluído que o resto dos instrumentos de Cabral recuperados não “pode ser comparado com quaisquer materiais históricos na Guiné-Bissau devido ao seu valor histórico para a independência da Guiné-Bissau”.
 
“O único desafio que nos resta agora é trabalhar pela união, banir as divergências internas e avançar para construção do país”,  aconselha.
  
Por: Filomeno Sambú
Foto: Cortesia de Alfredo Maria Gomes