quarta-feira, 29 de outubro de 2014

ANGOLA: RASTILHO ESTÁ ACESO


Manifestações pacíficas reprimidas com doses ditatoriais de violência física e psicológica que, entre outras formas, passam por prisões arbitrárias e por assassinatos, mantêm Angola com o rastilho da implosão aceso e em progressão.
 
Orlando Castro - Folha 8 Diário
 
Mas ninguém, a não ser os oprimidos, parece estar preocupado. O petróleo e os negócios a ele contíguos compram o silêncio da comunidade internacional. Em África tem sido assim desde há dezenas de anos. Até um dia.
 
A comunidade internacional, desde a ONU à CPLP, passando pelos EUA e pela União Europeia, dão com a sua passividade (uma forma de varrer o lixo para debaixo do tapete) razão ao que dizia o moçambicano Tomaz Salomão, secretário executivo da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), quando se referia aos ditadores que pululam por África: “São ditadores, mas pronto, paciência… são as pessoas que estão lá. E os critérios da liderança da organização não obrigam à realização de eleições democráticas”.
 
Tirando as organizações que defendem os direitos humanos, ninguém está especialmente preocupado com o barril de pólvora em que Angola se encontra, nem mesmo quando as prisões arbitrárias terminam em assassinatos, nem mesmo quando a simples colagem de cartazes termina, como foi o caso, com a morte, com dois tiros, de Manuel Hilberto Ganga, líder juvenil da CASA-CE, em que o seu autor foi um membro da Guarda Presidencial.
 
Aliás, como se não bastasse terem assassinado o jovem Ganga, as autoridades ainda fizeram gala em levar para o funeral o seu amplo aparelho repressivo (gás lacrimogéneo, canhões de água, polícia armada até aos dentes e helicópteros militares). Talvez temessem que o morto ressuscitasse. Seja como for, de uma coisa o regime tem, ainda tem, a certeza: a comunidade internacional continua solidária com os criminosos, certamente convicta de que as vítimas não são propriamente pessoas. Leia o artigo completo