As Nações Unidas consideram que falar do tráfico de droga «de forma franca» pode ajudar a mudar a imagem da Guiné-Bissau junto dos parceiros da comunidade internacional que aguardam por estratégias claras do país.
A ideia foi defendida por Marco Carminagni, representante adjunto do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, e por Pierre Lapaque, representante da Agência das Nações Unidas para as Drogas e Crime (UNODC) para Africa Ocidental durante a abertura de uma reunião com elementos do Governo guineense e deputados.
A reunião, que decorre até segunda-feira, visa encontrar estratégias de abordagem coordenada da comunidade internacional com as novas autoridades guineenses para o combate à droga e ao crime organizado.
«Pensamos que os próximos dias podem contribuir positivamente para a imagem da Guiné-Bissau e reabilitá-la no seio da comunidade das nações", defendeu Pierre Lapaque, sublinhando que a reunião é também "uma janela de oportunidade para a credibilização» da Guiné-Bissau no panorama internacional.
Marco Carminagni defendeu, por seu lado, que as autoridades de Bissau devem aproveitar ao máximo o encontro hoje iniciado e de forma aberta abordar o problema da droga, mesmo sabendo-se que a Guiné-Bissau não é um país produtor e nem consumidor do produto.
«A Guiné-Bissau não é produtor nem consumidor (da droga), mas a fragilidade do Estado tem sido aproveitada e o seu território mal apropriado como ponto de passagem de drogas de alto valor», notou o responsável da ONU.
Carminagni enalteceu, contudo, algumas «iniciativas louváveis» tomadas pelas novas autoridades guineenses para «demonstrar a vontade política» do país no combate aos ilícitos criminais, nomeadamente, a nomeação de um novo Procurador-Geral da Republica, uma nova diretora da Polícia Judiciaria e ainda a declaração de bens pessoais dos membros do Governo.
Sublinhando a disponibilidade de «vários parceiros internacionais» em apoiar as medidas do Governo para o combate a droga, Pierre Lapaque reforçou a necessidade de a reunião hoje iniciada ser transparente, verdadeira e clara sem levar em conta as diferenças partidárias entre os intervenientes do lado guineense.
«A comunidade internacional espera por sinais claros, por definição das prioridades e orientações políticas claras, para decidir as melhores formas de ajudar a Guiné-Bissau», disse o representante da ONUDC para Africa Ocidental.
Inácio Correia, vice-presidente do Parlamento guineense, que presidiu a abertura da reunião, defendeu a importância do evento, mas destacou ser obrigatório que os deputados passem a ser informados sobre a questão da droga no país.
«O Parlamento precisa ter uma via de acesso direto às informações dos parceiros sobre o fluxo da droga no nosso país, pois de outra forma não conseguiremos evitar a situação de passagem de relatórios com o mesmo quadro negro que só afunda a imagem do país», observou Correia. Fonte: Aqui