Um grupo de investigadores internacionais conseguiu datar a idade do fóssil Little Foot, o mais completo material existente do género Australopithecus, encontrado em 1994, na África do Sul. De acordo com os cientistas, o esqueleto tem cerca de 3,6 milhões de anos. A descoberta indica que Little Foot foi contemporâneo de Lucy, nome dado ao fóssil encontrado em 1974 na Etiópia e peça-chave para se compreender a evolução humana. Mas estas descobertas levantam novas questões sobre relações evolutivas entre ancestrais da Humanidade.
Os Australopithecus formam um género de hominídeos considerados os antepassados imeditatos da primeira espécies humana, surgida há cerca de 2,8 milhões de anos. A nova datação para o Little Foot indica que a espécie de Lucy, um Australopithecus afarensis, pode não ser a única raiz da árvore genealógica humana.
Os investigadores afirmaram ainda que a espécie agora datada era mais alta que a sua contemporânea. O fóssil, assim como Lucy, é do sexo feminino. «O facto, portanto, é que tivemos pelo menos duas espécies de Australopithecus vivas ao mesmo tempo, em diferentes partes de África, há cerca 3,6 milhões de anos. Percebemos assim que muitas outras espécies podem ter existido e ainda não foram descobertas», escreveram os pesquisadores Ronald Clarke e Katlheen Kuman. Anteriormente, os cientistas haviam estipulado uma idade para Little Foot entre os 2 e os 3 milhões de anos. No entanto, esta informação sempre foi contestada. Desta vez, devido a métodos mais avançados, os investigadores conseguiram precisar o período com maior eficiência.
A equipa mediu os níveis de formas radioativas de alumínio e berilo em 11 amostras de quartzo retiradas da caverna de Sterkfontein, onde estava o fóssil. Os níveis de cada elemento oscilam de acordo com o período em que foi sedimentado. Nesse caso, nove das 11 amostras revelam níveis similares dos elementos.
O processo de descoberta e escavação do fóssil está em andamento desde 1994, quando os primeiros ossos dos pés de Little Foot foram encontrados. Em julho de 1997, Ronald Clarke e os seus assistentesà época, Stephen Motsumi e Nkwane Molefe, localizaram a extremidade do osso da canela do esqueleto num profundo sedimento da caverna Sterkfontein. Devido às condições árduas de escavação e à natureza frágil dos ossos, só em agosto de 2010 é que Clarke e a sua equipa conseguiram expor todo o esqueleto e começar a trazê-lo para a superfície.
O processo continuou até dezembro de 2011, quando os últimos elementos foram retirados. Hoje, a limpeza da matriz dos ossos e a reconstrução do fóssil ainda está em curso - mas entretanto mais da metade do esqueleto já foi digitalizada na Universidade de Wits e uma investigação mais detalhada já começou. Clarke atribuiu o esqueleto à espécie Australopithecus prometheus. Esta difere da espécie mais conhecida do sítio arqueológico, o Australopithecus africanus, por ter um corpo maior e um crânio mais plano, além de uma face maior e mais alongada. Fonte: Aqui