O Jornal O Democrata auscultou a opinião dos políticos pedindo-lhes que analisassem os resultados obtidos pelas autoridades nacionais na mesa redonda de Bruxelas, bem como apontar as condições necessárias para desbloqueamento do dinheiro prometido pela comunidade internacional. A nossa reportagem ouviu o líder do Partido Socialista Democrata (PSD), António Samba Baldé e o Secretário-geral de Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU – PDGB), Juliano Fernandes(Foto) e foram unânimes em pedir as autoridades a transparência na implementação de verbas obtidas da mesa redonda.
PSD PEDE REFORMA DE PARTIDOS POLÍTICOS PARA EVITAR QUE DEPUTADOS ANALFABETOS
O Presidente do Partido Socialista Democrático (PSD), António Samba Baldé, concedeu uma entrevista ao semanário “O Democrata” para analisar os resultados obtidos pelas autoridades na mesa redonda de Bruxelas, bem como para apontar as condições necessárias que permitam ao país desbloquear o dinheiro prometido pelos parceiros internacionais.
Na entrevista, o político começou por falar da necessidade da implementação de reformas que na sua opinião, não se deve limitar apenas ao sector da defesa e segurança, mas também na função pública e nos partidos políticos que, segundo ele, continuam a apostar em pessoas analfabetas para serem representantes do povo.
“Um deputado por excelência é um legislador que deve ter o texto que mais tarde venha ser a lei, portanto a reforma deve ser duma forma geral”, advertiu o político.
Assegurou que a mesa redonda é extremamente importante para qualquer guineense, mas lembrou que a comunidade internacional deixou uma mensagem muito forte que tem a ver com três aspectos fundamentais, a paz, reconciliação e o desenvolvimento.
O líder dos sociais democratas assegurou que se este é o caso, seria extremamente importante neste momento um programa de emergência, porque a exequibilidade deste programa passaria para o terceiro aspecto que é o desenvolvimento, criando assim condições de estabilidade para que todos nós pudessemos pensar em conjunto no país e desenvolver actividades que possivelmente poderiam gerar rendimentos e desenvolvimento humano.
“O Governo liderado por Domingos Simões Pereira desenvolveu certa dinâmica para que este encontro de doadores fosse uma realidade e conseguiu em promessas um valor muito encorajador para a Guiné Bissau. Portanto, aproveito para felicitar esta conquista entre aspas, porque a propósito, a efectivação e o aparecimento do dinheiro requerem certa dinâmica e confiança”, notou.
Samba Baldé explicou por um lado que, para que haja desenvolvimento, tem que haver Estado de Direito. Porém o Estado de Direito passa pelo funcionamento pleno da justiça e respeito dos direitos humanos, porque a pessoa humana é um dos elementos mais importantes que pode existir numa sociedade.
Afirmou neste particular que para desbloquear o dinheiro prometido pela comunidade internacional é preciso que haja transparência e não só, como também evitar a corrupção que assola o país há muitos anos, a fim de poderem cumprir com as condições que foram delineadas na mesa redonda.
“Os países que vão nos dar dinheiro têm os seus representes aqui que podem informar se o dinheiro concedido se foi ou não foi executado, de acordo com as orientações dadas”, assinalou.
O político defendeu que o seu partido é reformista e reconciliador dos guineenses bem como trabalha para o bem-estar do país, tendo sustentado que “somos dos poucos partidos que não se envolveram em atentados e golpes de Estado. Portanto os partidos políticos devem ser activos, participativos mostrando algumas soluções, de acordo do seu ponto de vista”.
António Samba Baldé exortou todos os partidos políticos, de acordo com a lei-quadro dos partidos políticos vigente no país, que participem na reconciliação, a fim de poderem trabalhar para um verdadeiro Estado de Direito na Guiné-Bissau.
JULIANO FERNANDES: “DEVEMOS ACOMPANHAR A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO ESTRATÉGICO OPERACIONAL”
O Secretário-geral de Assembleia de Povo Unido – Partido Democrático da Guiné Bissau (APU – PDGB), Juliano Fernandes, disse que os partidos políticos devem acompanhar de perto a implementação do plano estratégico operacional, bem como o processo de desbloqueamento dos fundos e vigiar a sua utilização.
O político afirmou ainda que os dirigentes do país e os guineenses em geral devem procurar criar condições internas para que o país produza riqueza de que necessita para desenvolver-se em todos os domínios.
“Se assim for não teremos a necessidade de fazer mesas redondas para sensibilizar os parceiros a fim de nos ajudar com financiamentos que depois representam um fardo enorme quer para geração actual como também para a futura”, disse.
Juliano Fernandes assegurou ainda que a mesa redonda foi organizada razoavelmente bem, porque houve uma enorme campanha de comunicação e sensibilização que resultou de alguma maneira. Frisou que as autoridades conseguiram obter uma promessa de um valor extremamente importante, pelo que aproveitou a ocasião para parabenizar as autoridades e as pessoas que se implicaram na realização da mesa redonda.
O político disse que a responsabilidade neste momento é grande na medida em que devem ser criadas as condições para que aqueles valores possam ser disponibilizados, de forma a permitir que os programas e projectos preconizados possam ser efectivados.
“A primeira condição é estabilidade governativa e criar condições para que os primeiros recursos que vão ser disponibilizados sejam geridos de forma absolutamente transparente na implementação dos primeiros projectos. Sem isto, corremos o risco de não conseguirmos estas verbas”, advertiu o secretário-geral de APU – PDGB.
Juliano Fernandes asseverou que os partidos políticos, quer os que têm assento parlamentar como também os que não têm, têm um papel fundamental, porque o povo exprime-se através deles e eles são seus representantes nas instituições de Estado.
“É pena que o Governo, antes de ir para mesa redonda, não tenha apresentado o plano estratégico e operacional de desenvolvimento a todos os partidos políticos que concorrem às eleições para governarem o país. Portanto era necessário que procurassem os partidos para ouvir quais são as suas ideias relativamente ao plano de desenvolvimento da Guiné Bissau”, notou.
Por: Aguinaldo Ampa
Fonte: odemocratagb.com