Defesa diz que havia que condenar alguém.
O advogado de defesa do líder da seita A Luz do Mundo, condenado nesta terça-feira, 5, a 28 anos de prisão, anunciou que vai recorrer da sentença que considera totalmente desproporcional ao que aconteceu no Tribunal do Huambo.
David Mendes considerou que havia que condenar alguém para justificar a morte dos agentes das polícia e por isso José Julino Kalupeteca foi usado como bode expiatório.
O advogado admitiu que esperava que alguns dos seguidores de Kalupeteca fossem absolvidos.
“Não pode ser aceitável que 80 pessoas, segundo disse o tribunal, enfrentem um dispositivo de 30 agentes policiais e 60 elementos das Forças Armadas, por isso, havia que condenar alguém”, explica Mendes que continua a dizer que “o tribunal não provou qualquer crime”.
A defesa dos condenados acusa o juiz de não se ter preocupado com as provas contra os réus que nunca foram apresentados, mas apenas com o que ele achava que aconteceu.
Para Mendes, além da pena ser demasiado pesada, Kalupeteca nunca devia ter sido condenado.
“Nem por crime de desobediência, porque ele não podia obedecer à ordem de um governador para fechar uma igreja que não fosse nos termos da lei, nem de resistência porque os indivíduos que o foram prender estavam mascarados, já que o encerramento da sua igreja teria de ser feito pela via legal”, adianta David Mendes, para quem houve perseguição religiosa.
A lei angolana estipula a pena máxima de 24 anos de cadeia, mas Kalupeteca e sete outros réus receberam penas superiores.
David Mendes, que já disse que irá recorrer, e irá basear-se também neste facto que considera inusitado.
O juiz Afonso Pinto justificou assim a sentença:
O advogado Pedro Capracata considera que a penas aplicada ao líder da seita A Luz do Mundo é reveladora de que em África, e em Angola em particular, a justiça não cumpre os preceitos da lei mas os magistrados agem em função das ordens que recebem da parte do poder político.
O causídico diz que o mesmo se passou com a condenação recente dos jovens activistas quando juiz não suspendeu a execução da pena, em função do recurso da defesa ao Supremo e ao Constitucional, tendo mandado os réus à cadeia.
Agora Capracata, aponta o dedo ao juiz Afonso Pinto que condelou Kalupeteca e seguidos a mais de 24 anos, o máximos previsto na legislação angolana.