A seleção nacional de futebol “Os Djurtus” tornou-se sem sombras para dúvidas num símbolo de Unidade Nacional. símbolo esse, ressuscitado na dimensão do nosso saudoso líder imortal Amílcar Lopes Cabral em África e no mundo.
“Os Djurtus” assumiram e interpretaram tão bem o legado de “Abel Djassi”, na prova de qualificação para o Campeonato Africano das Nações (CAN-2017), que terá lugar em Gabão. Os comandados de Baciro Candé mostraram, da mesma forma, como Cabral conseguiu unir os guineenses para alcançar a independência nacional. A nova geração dos “Djurtus” provou com seu futebol que é possível hoje, inspirar e seguir as pisadas do pai da nossa nacionalidade, não obstante as dificuldades e a incertezas que o país atravessa neste momento. Os pupilos de Candé escreveram a história na página d’Ouro da Guiné-Bissau.
As duas vitórias alcançadas com suor e sacrifício frente à seleção queniana, nos dias 23 e 27de Março em Bissau – Estádio Nacional “24 de Setembro” e no ‘Nyayo National Stadium’ em Nairóbi/ Quênia respectivamente só podem servir de exemplo à sociedade política nacional que ainda mantém pendente às aspirações e ao sonho deste povo humilhado há mais de quatro décadas, colocando – o numa situação de sofrimento e angustia permanentes.
“Os Djurtus” espelharam o verdadeiro motivo da escolha do símbolo da unidade nacional, no qual todos os guineenses deveriam rever. Trata-se do lema idealizado pelo “Abel Djassi” que é “Unidade Luta e Progresso”, onde outrora cada combatente sentia a sua presença, mantendo vivo o sagrado princípio de colocar o país em primeiro plano. E não da forma como assistimos hoje, onde os nossos dirigentes priorizam seus interesses e não os do povo.
No final do jogo, qualquer guineense ficaria arrepiado e emocionado ao auscultar nas antenas da Rádio Nacional o ambiente do jogo do ‘Nyayo National Stadium’ em Nairóbi pelo jornalista Lassana Camará, quando os rapazes do Mister Candé entoavam o slogan da unidade nacional: “Pa Nô Uni…Pa Nô Mama….Pa Nô Uni…Pa Nô Luta Pa Nô Terra” – em português ‘Unirmos na Harmonia em Prol da Nossa Pátria Amada’. Claro, com esse “slogan” da Unidade Nacional, os futebolistas deixaram um recado forte aos nossos dirigentes que nunca souberam interpretar corretamente o essencial da letra deste cântico que simboliza o hino da unidade nacional que “os combatentes das quatro linhas” conseguiram ler nas entrelinhas e no final deram grande lição de moral aos “políticos interesseiros”.
Não é menos verdade, que o futebol que “Os Djurtus” praticam atualmente ultrapassa a dimensão do entretenimento cultural, passando a assumir aquela dimensão do Pai da Nação guineense no Mundo, ou seja, hoje o espelho da Guiné-Bissau no mundo não é Presidente da República, José Mário Vaz nem Primeiro-ministro, Carlos Correia, mas sim o futebol dos “Djurtus”, Augusto Midana, Taciana Lima Baldé, Holder Ocante da Silva, entre outros.
Ainda bem que a selecção nacional, na liderança isolada do Grupo-E de qualificação para o CAN-2017 a realizar-se no Gabão, passou a ser agenda nacional. O orgulho nacional!
Apesar de todas as vicissitudes económicas e sociais o “país real” e a nossa Comunidade na diáspora deverão orgulhar-se desta nova geração dos “Djurtus”, a nova imagem, o novo espelho desta terra.
“Os Djurtus” superaram o mito que ostentava que a seleção nacional não podia obter vitórias no palco da independência nacional Estádio Nacional “24 de Setembro” no Alto Bandim, demostrando desta feita que a verdadeira imagem da Guiné-Bissau deve ser construída a partir do solo pátrio de Amílcar Lopes Cabral e não na comunidade internacional, na qual a Nação Guineense é parte integrante com plenos direitos.
Mais uma vez ficou patente e reforçado que, o que é nacional tem valor, e precisa ser valorizado para dar frutos e contribuir para o desenvolvimento partilhado e sustentável.
Por: Sene Camará
(chefe de seção Cultura & Desporto do Jornal O Democrata)