domingo, 3 de abril de 2016

QUANDO AS RAPARIGAS AINDA SÃO MARGINALIZADAS

Há 100 milhões de meninas em países de rendimento médio ou baixo que não sabem ler. Mas as estatísticas mostram que por cada ano de instrução o rendimento aumenta 10%. Por isso, melhorar a vida das meninas beneficia as famílias e as comunidades.
 
Investir nas raparigas é uma medida inteligente, escreve o El País, porque as meninas de hoje são as mulheres do futuro, e delas dependerá o desenvolvimento das comunidades.
 
Em 2015 o mundo chegou a acordo sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Para estes serem alcançados, é preciso que as crianças, e especialmente as meninas, não fiquem para trás. Só que estas são «invisíveis» com demasiada frequência, não só no seio das suas comunidades como também nas estatísticas que orientam as políticas.

Ao ritmo atual, mais de 140 milhões de meninas irão casar-se antes dos 18 anos até 2020. O casamento infantil, e a posterior gravidez, limitam o acesso das crianças à escola, o que tem, além de efeitos a longo-prazo, também consequências imediatas. Num só dia, 830 mulheres morrem por complicações na gravidez ou no parto, quase todas em países em desenvolvimento. Mas, além destes números, há todos aqueles que não se sabem. O que também se sabe é que, por exemplo, as raparigas entre os 15 e os 19 anos têm o dobro das possibilidades de morrer durante a gravidez ou no parto do que as maiores de idade. Mas não se sabe, por exemplo, quantas menores de 15 anos engravidam anualmente.
 
230 milhões de crianças em todo o mundo, pelo menos, não têm quaisquer registos de nascimento, escreve o El País. Por isso, não têm também identidade legal. Assim, torna-se ainda mais difícil fazer contagens – e perceber o que se passa agora e o que se passará no futuro. Torna-se também mais difícil saber como apoiar os mais novos. É óbvio que, por exemplo, transportes públicos acessíveis são essenciais para a independência das meninas e para o seu acesso à educação, à saúde e a outros serviços importantes. Mas, além de por vezes não ser possível contabilizar quantos autocarros há numa cidade, é ainda mais difícil perceber se as raparigas se sentem seguras a utilizá-los.
 
A humilhação enfrentada pelas meninas acaba assim por ser dupla: a marginalização da sua vida é acentuada pela sua invisibilidade. Faltam-lhes oportunidades para se deixarem ser vistas. Na Índia, por exemplo, em Nova Déli, 96% das adolescentes dizem que não se sentem seguras. Uma delas, Meera (17 anos), suporta ofensas constantes a caminho da escola. Mas, sabendo de um evento sobre os espaços públicos e as raparigas, esta jovem envolveu-se na iniciativa Cidades Seguras. Apresentou o seu caso diretamente ao governo local – e, como resultado, foram instaladas iluminação e câmaras de vigilância. Há guardas em redor das escolas locais e os líderes estão todos determinados a melhorar a segurança para as raparigas. Fonte: Aqui