Só pa bai yalsa mon na djambacussis di tudo terra pa sibi kê ku na passa, pabia anôs homis nô sta suma nô entrado nan.
Achie tem 17 anos. É uma ativista etíope que exige aos responsáveis, em todos os fóruns em que participa, que protejam eficazmente os direitos das mulheres.
«Não quero tornar-me num instrumento para o sexo», disse Achie, de voz segura e determinada, em frente a centenas de pessoas, entre elas líderes políticos e económicos de todo o mundo. Foi na Cimeira dos Governos do Mundo, recorda o El País, perante uma plateia sobretudo masculina. Falou em nome das meninas e das jovens de todo o mundo, lembrando o seu direito a estudar sem medo de serem violadas a caminho da escola, a chegar ao nível de ensino mais elevado e a ter as mesmas oportunidades que os rapazes.
Antes disto, Achie já tinha discursado na Comissão de Estado para as Mulheres, em Nova Iorque, e em encontros paralelos da Cimeira Mundial de Doadores, em Adis Abeba. Em fevereiro, no Dubai, Kathy Calvin, presidente da UNFoundation, deu-lhe metade do seu tempo de intervenção, para que Achie pudesse falar em frente a todas aquelas pessoas.
Desde os 15 anos que Achie faz parte de várias organizações de defesa dos direitos das raparigas na Etiópia. Atualmente é membro da Let Girls Lead, uma ONG internacional.
«O primeiro problema das mulheres está nas diferenças educativas. E é emocionante sentir que se pode mudar algo», diz Achie ao El País no seu inglês perfeito. O Índice de Desenvolvimento Humano prova isso mesmo: a média de anos de escolarização das mulheres da Etiópia é de 1,4, e a dos homens de 3,6. Mais do dobro.
Achie defende também que as meninas não devem casar-se, sobretudo se isso levar a deixar a escola. «As raparigas querem os seus sonhos. Quando as ouvimos, percebemos que querem algo tão simples e prático como ir à escola e sem serem violadas (…). E eu quero um mundo em que não me sinta sem voz.»
«Creio que a agenda política esquece o que é ser uma menina. E não vejo nenhuma alternativa melhor, nada mais sustentável, do que investir nelas», acrescenta Achie. No seu país, diz que há progressos: «O governo comprometeu-se a acabar com o casamento infantil até 2025».
A sorte de Achie foi diferente da de muitas raparigas etíopes. E diz que é por isso que luta por que a saúde, a educação e as oportunidades não sejam presentes do destino, mas sim direitos. Ela vai estudar para a Universidade de Princeton, nos EUA. «Engenharia ou Ciência Informática. Ainda não decidi.» O que decidiu foi que irá continuar o seu trabalho de ativista, «para ajudar raparigas, que, por sua vez, ajudarão outras».
E Achie conclui: «A minha mãe sofreu muitas desgraças. Teve uma infância difícil, uma vida dura… Mas inculcou-me a paixão e a tenacidade para nunca abandonar aquilo em que acredito. E ensinou-me a não pensar a curto prazo, mas sim num cenário maior, e a preocupar-me com as pessoas. Espero que esteja orgulhosa de mim». Fonte: Aqui