Lisboa - A democratização da Guiné-Bissau é um processo difícil porque periodicamente a instabilidade política se sobrepõe aos factores que poderiam facilitá-la, defendeu terça-feira o investigador, Álvaro Nóbrega.
Em entrevista telefónica à Lusa a propósito do seu livro "Guiné-Bissau: Um caso de democratização difícil", que apresentou terça-feira em Lisboa, Álvaro Nóbrega recordou que o processo de democratização do país "tem sido cheio de instabilidade político-militar".
A construção da democracia tem apresentado dificuldades "porque periodicamente a instabilidade sobrepõe-se", disse o investigador do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade de Lisboa.
"O processo não é fácil. Já por diversas vezes se reuniram condições muito favoráveis e surgiu sempre depois grande instabilidade política a condicionar o processo", afirmou.
Quando isso acontece, acrescentou, a governação passa a ser feita com base na conjuntura e não propriamente no médio e longo prazo.
O autor, que estuda a Guiné-Bissau desde 1998 e já em 2003 lançara o livro "A Luta pelo Poder na Guiné-Bissau", considera que na Guiné-Bissau há uma coexistência de elementos do modelo democrático com outros da realidade local, o que resulta num "regime misto, de democracia e de autocracia" no país.
O livro agora lançado, que será apresentado pelo investigador Tcherno Djálo, resulta de dez anos de estudo e também da experiência no terreno e da participação do autor em missões internacionais de observação eleitoral no país.
Álvaro Nóbrega espera que seja "esclarecedor de algumas das vicissitudes" do processo de democratização da Guiné-Bissau, "vicissitudes que têm vindo a preencher o quotidiano do país desde há décadas e que interessa conhecer para que se possa mitigar os seus efeitos".
O autor espera que o estudo contribua "para que se possa obter esse patamar de segurança e estabilidade e iniciar a construção de uma Guiné melhor". Fonte: Aqui