Fonte: odemocratagb.com
Presidente da República, José Mário Vaz ouviu esta terça-feira, 10 de maio, os partidos políticos representados na Assembleia Nacional Popular (ANP) antes de uma eventual decisão sobre a queda ou não do Governo de Carlos Correia. Caso aconteça a decisão do Chefe de Estado, o cenário político guineense pode ficar ainda mais nebuloso com possível dissolução do parlamento e a formação de um Governo de iniciativa presidencial.
A saída de audiência, o presidente da União para Mudança (UM), Agnelo Regala, disse estar convencido que o Presidente José Mário Vaz vai derrubar o Governo de Carlos Correia e “tentar impor” um Governo de iniciativa presidencial, que considera de “todas as maneiras inconstitucional” com a possibilidade de dissolver o parlamento guineense.
Para o líder de UM, mesmo que o Presidente da República dissolva parlamento quem vai formar o Governo de gestão deve ser o PAIGC, enquanto vencedor das últimas eleições legislativas de 2014. Uma opinião defendida por Vicente Fernandes, líder do Partido da Convergência Democrática (PCD), que pede por sua vez que o poder seja devolvido ao povo para escolher seus legítimos representantes.
Perante a crise político-parlamentar instalada no país, Iaiá Djaló do Partido Nacional Democrático (PND) espera que José Mário Vaz encontre uma solução constitucional que possa desbloquear o país, “porque dissolver o parlamento não é oportuno”, acrescenta.
Por sua vez, Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, disse ter lembrado ao José Mário Vaz, que a sua formação política defende um Governo de gestão, sob orientação de atual primeiro-ministro, Carlos Correia.
“Queremos sublinhar que desde início nunca tivemos dúvidas que a única razão era e é, porque o Presidente da República quer governar e concentrar todas as competências que são de outros órgãos da soberania. Convidamo-lo a abster-se desta intenção reservando às outras entidades aquelas competências para as quais foram eleitas, porque é nessa base que a democracia dá ao povo o direito de decidir quem são os seus legítimos representantes”, observa.
O Partido da Renovação Social (PRS), líder da oposição guineense pela voz do seu porta-voz, Vitor Pereira, disse que apoiará qualquer que seja a decisão tomada pelo Presidente da República, desde que vá ao encontro dos interesses do país e do povo.
Em reação à crise política vigente no país, os 18 partidos políticos sem assento parlamentar agrupados em um fórum convidam ao governo de Carlos Correia a adotar de instrumentos indispensáveis de governação, deixando de ser, segundo esses partidos, um governo de mera gestão, sem capacidade de resolver os problemas sociais, nomeadamente nas áreas de saúde e da educação, pondo fim a ondas de greves que ameaçam as vidas humanas.
Em comunicado, os 18 partidos políticos sem representação parlamentar desafiam ainda ao PAIGC, partido vencedor das últimas eleições legislativas, para demonstrar publicamente e de forma inequívoca que detém a maioria no parlamento, facto que o legitima a governar.
Neste sentido, encorajam ao Presidente da República, José Mário Vaz, a tomar as medidas conducentes a normalização do país, mediante um diálogo institucional, sem prejuízo das suas prerrogativas constitucionais caso a crise persistir a nível da ANP.
A terminar, os 18 congregados em um fórum dos partidos políticos sem assento parlamentar exigem do Presidente da ANP, Cipriano Cassamá, criação de condições de funcionamento regular das sessões parlamentares.
Horas depois de ouvir partidos políticos com assento parlamentar, José Mário Vaz reuniu o Conselho de Estado, seu órgão de consulta.
Por: Filomeno Sambú