Em Moçambique, organizações denunciam a existência de casos de assédio sexual em instituições públicas e privadas. Cresce a pressão para se pagar por uma vaga de emprego... com ou sem dinheiro.
O assédio sexual em troca de emprego é uma prática recorrente no Niassa. E os responsáveis são, sobretudo, profissionais que trabalham nos departamentos dos recursos humanos e dirigentes máximos de instituições - tanto públicas como privadas.
A denúncia é de Antonieta dos Anjos, nome fictício de uma jovem que pede para não ser identificada pelo verdadeiro nome. Ela conta que este tipo de atitude é mais frequente quando há concursos públicos.
Clara Armando é presidente do Fórum das Organizações Femininas do Niassa
"Infelizmente já constatei vários casos com colegas e amigas e também já aconteceu comigo", diz Antonieta. "Isso tem acontecido sempre que vou bater às portas em busca de emprego. Por vezes há cobranças de alguns valores. Eu, como mulher, às vezes sou sujeita a outros tipos de pedidos. Algumas pessoas que lá ficam envolvidas, por exemplo, se forem do sexo masculino, têm pedido sexo em troca do emprego".
Clara Armando, presidente do Fórum das Organizações Femininas do Niassa, também alerta para a situação.
"Nós temos muitas mulheres jovens que já estão formadas mas não conseguem emprego", afirma a responsável.
"Temos de pagar para ter um emprego e a questão é de onde vou tirar o dinheiro, se não tenho tal emprego para pagar uma vaga de 35 a 40 mil meticais. Então as mulheres são obrigadas a submeter-se a atos que... precisam de fazer isso para poderem ter emprego".
A presidente do Fórum das Organizações Femininas diz que não pode se falar de empoderamento da mulher em Moçambique enquanto existir esse tipo de corrupção. Fonte: DW África