OPINIÃO
CENÁRIOS FUTUROS…
Praticamente dois anos em “lero-lero”
político. O slogan “Terra Ranka” parece ter tido vigência apenas na era
“dominguista”. Porque em épocas posteriores, de decretos presidenciais atrás de
decretos, esvaneceu a “propaganda” política. Em geral, os políticos guineenses
legitimam as suas actuações, agitando “estandarte nacionalista”, mas depois - contas
feitas - zero nada!
Por
exemplo, sobre o “Acordo de Conacri”, os representantes políticos, nacionais e
estrangeiros presentes, todos o rubricaram. No documento que tive acesso, não
trazia nenhum dos três nomes badalados na praça pública, provavelmente, porque
se entendia que a escolha era da competência exclusiva do Presidente da República.
Entre os três nomes badalados, na altura, o de Cissoko, terá sido introduzido
pela influência de Braima Camará, tendo em conta a sua posição junto ao
Presidente da República. De referir que uma das mãos invisíveis na nomeação de
Cissoko era do Presidente do Senegal, Maky Sall. A escolha de Cissoko nunca foi
uma decisão livre do Presidente JOMAV, que era inicialmente o Dr. Augusto
Olivais.
O “Acordo de Conacri” era um instrumento
encontrada pela CEDEAO para que os guineenses se entendessem politicamente,
através de um “governo inclusivo”. A dissonância política surgiu quando os
signatários do acordo falaram e acabou ficando “o dito pelo não dito”. Esgrimiam,
na comunicação social, argumentos contrários ao que poderíamos chamar de
“espírito de Conacri”. Atitudes políticas, decerto, incoerentes, sobretudo por
parte dos nossos dirigentes políticos. Estou-me a recordar, precisamente, das
declarações, por exemplo, do PRS, na altura, que - em oposição a Direcção do
PAIGC - recusou o nome de Augusto Olivais, dizendo que “o Acordo de Conacri”
não indicou nenhum nome. Segundo a
imprensa, a CEDEAO admitiu, no dia 25 de Abril, aplicar sanções internacionais
aos políticos da Guiné-Bissau que coloquem entraves a implementação harmoniosa
do acordo para acabar com o impasse político na Guiné-Bissau. JOMAV terá
respondido já à Missão Ministerial da CEDEAO para Avaliação da Crise Guineense,
“que irá trabalhar, explorando todas as possibilidades para colocar o “Acordo
de Conacri” no seu roteiro apropriado”.
Cenários políticos: será que a actual
Direcção do PAIGC, embalada pela capitalização política resultante da contestação
geral da nomeação de Umaru Cissoko para chefe do executivo, pensa que estão
reunidas as condições para repetir a maioria no parlamento, nas próximas
eleições? O DSP, em vez de unir os militantes, apostou-se na estratégia de expulsão.
É preciso acrescentar que a estratégia “dominguista” vem sendo instigada pelas manifestações
de rua do movimento de “Cidadãos Conscientes e Inconformados”. Pode ganhar batalhas contra o trio JOMAV,
Braima Camará e Umaru Cissoko, mas não ganhará guerra ao país.
Opção “governo inclusivo” na
Guiné-Bissau, não suprirá a democracia e muito menos anulará as “diferenças
políticas” entre, por exemplo, os dois grandes partidos, o PAIGC e o PRS.
A “política de Maçaroca” adoptada pelo PRS,
de roer o milho e deixar a “maçaroca” ao PAIGC, podia-se comparar “a síndrome
do cão que não larga o osso”. Sim, é disso que se trata, porque há “timing” para
tudo. Por exemplo, em qualquer convívio, não se espera que o convidado perca a
compostura e se transforme em “rapa-tachos”, ficando a aproveitar até à última
migalha o que lhe dão para comer, dizem eles em nome da estabilidade do país.
Ora, o PAIGC pode estar a banalizar os
cenários políticos futuros, pensando que “Os 15 deputados expulsos” poderão ficar
no próximo Congresso na rua de amargura. Pior: que os “15 deputados expulsos”
não teriam condições políticas para serem repiscados nos seus círculos, pelo
PRS. E que serão subalternizados por estes nas suas listas para deputados nas
próximas eleições legislativas. É evidente que se está perante a incógnita. A
única certeza que resta é de que esta onda de expulsões terá um impacto
político devastador no próximo congresso do PAIGC.
Outro cenário político interessante é a
retirada do PRS da governação de Umaro Cissoko. Os politólogos prevêem com isso
a precipitação da crise políticos no país e no seio do PAIGC (acelerando a
realização do congresso do PAIGC e das eleições antecipadas). A verificar esse cenário, a meu ver, retiraria o país do impasse político que perdura há mais de dois
anos. A acreditar no discurso de JOMAV, Cissoko não seria a fórmula mágica para
as reformas pretendidas por Presidente da República.
E, por fim, o terceiro cenário a
ponderar, o mais grave deles todos, tem sido aquele que pode precipitar tudo na Guiné-Bissau e fazer regredir o país por
mais cinco anos. Estou a falar do regresso apoteótico do agente secreto dos tugas e
ex-Primeiro-ministro, Carlos Gomes Jr., protagonizado, neste momento, pelo
ex-Ministro do Interior, Fernando Gomes, presidente do Movimento Nacional
Cívico “Nô Djunta Mon Pa Fidjus di Tchon Riba Casa”. Anunciou hoje (26 de
Abril) que os políticos exilados no estrangeiro irão regressar brevemente ao
país.
Nababu-Nadjinal