Nos últimos anos, tem-se falado muito sobre o crescimento económico em África, e em particular na Guiné-Bissau, mas poucas pessoas sabem o que na realidade significa “crescimento económico” e muitas pessoas confundem este conceito com o do “desenvolvimento económico”
Crescimento e desenvolvimento económico são dois (2) conceitos parecidos, mas distintos do ponto de vista económico. Crescimento é nada mais, nada menos que o aumento (quantitativo) do Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB).
O QUE É PIB E O QUE É PNB?
PIB – é a soma (em dinheiro) de todas as produções (bens e serviços) feitas durante um ano (pode ser trimestral, semestral e anual) pelos agentes económicos residentes no País (guineenses e assim como estrangeiros).
PNB – é a soma (em dinheiro) de todas as produções (bens e serviços) feitas durante um ano (pode ser trimestral, semestral e anual) pelos guineenses residentes dentro e fora do País.
O que mais me interessa, neste artigo, é a descrição do PIB, porque é um dos principais indicadores da macroeconomia e, é o mais utilizado no conceito “crescimento económico”, mas além do PIB, também vou falar do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH), como um dos principais indicadores do desenvolvimento económico e humano.
Existem três (3) fases em que podemos calcular o PIB: na produção, na distribuição e no consumo final, mas a maioria dos países calcula o consumo final. Também, não é menos importante lembrar-vos, caros leitores de O Democrata, que na conta do PIB entram investimento, gasto do governo, bens e serviço finais.
O crescimento do PIB, significa que a economia cresce, que há mais dinheiro disponível nas mãos das pessoas (renda per capita), nas empresas, no tesouro público, no banco central, nas instituições financeiras e não-financeiras… As empresas vão crescer, e naturalmente, vão contratar mais pessoas. Haverá mais investimento (surgirão novas empresas), o nível de desemprego diminuirá, o nível do consumo e da inflação irá aumentar.
Existem duas (2) abordagens que definem os objectivos de crescimento económico:
1 – abordagem normal
2 – abordagem positiva
Abordagem normal – objectivo do crescimento económico do ponto de vista da sociedade:
– bem-estar
– segurança nacional
Abordagem positiva – objectivo do crescimento económico do ponto de vista individual:
– renda máxima
– máximo lucro
Uma das questões centrais da macroeconomia é alcançar um crescimento económico sustentado e sustentável, mas a multiplicação de riqueza material não pode ser um fim em si mesmo. Precisamos transformar esta riqueza para o bem-estar da população por via do desenvolvimento económico.
Desenvolvimento económico é um processo multifatorial que reflete mudanças em todos os setores da economia ao longo prazo. Ele é medido através dos seguintes indicadores:
1 – PIB per capita (quanto ganha um guineense em média por ano);
2 – indicador de eficacidade económica calculado com base no PIB;
3 – nível e qualidade de vida da população.
4 – a estrutura (diferentes ramos) da economia nacional
O nível de vida inclui: esperança média de vida, nível de escolaridade, poder de compra (incluindo habitação), tempo médio de trabalho por dia… Enquanto, que a qualidade de vida está associada ao Índice do Desenvolvimento Humano, esperança média de vida, nível de escolaridade, e PIB per capita (por cabeça).
Voltando ao índice do Desenvolvimento Humano desenvolvido pelo paquistanês Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sem, que procura medir e comparar os níveis da renda, educação e saúde das populações de diferentes países do mundo. Diferentemente da perspectiva do crescimento económico, que define o bem-estar de uma sociedade apenas pelos recursos ou pela renda que ela pode gerar, a abordagem de desenvolvimento humano procura olhar diretamente para as pessoas, suas oportunidades e capacidades. No último Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), compilado com base em dados de 2015 e publicado no dia 21 de março de 2017 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Guiné-Bissau está no lugar 11° na classificação dos países menos desenvolvidos (pág. 200 do relatório).
Ora, não percebo, como é possível conseguir-se o crescimento do Produto Interno Bruto durante uma década sem que se verifique uma melhoria na condição de vida da população (no caso particular do meu País). O País está a crescer, mas não está a desenvolver-se.
Por: Demar dos Santos, Gestor
Abril de 2017