Os populares de Beli e Lugadjol, sector de Boé, região de Gabú, beneficiaram de fontenários de água potável construídos pela Organização Não Governamental – Associação de Médicos Voluntários (AMEV), uma iniciativa de jovens médicos e técnicos especialistas de outras áreas que decidiram eleger o sector de Madina do Boé como a sua zona de intervenção.
Uma delegação da AMEV dirigida pelo seu presidente, Malam Sabali e que se fazia acompanhar por um alto dirigente da organização, Djulde Camará, e representante da Associação Juvenil para a Reinserção Social (AJURES), Moamed Seidi, deslocaram-se este fim-de-semana ao sector de Madina do Boé, com o intuito visitar os fontenários construídos, reunir com os populares sobre os trabalhos desenvolvidos no terreno, como também entregar uma máquina de descasque de arroz aos habitantes da aldeia de Burquilim, secção de Vanduleide.
Segundo informações avançadas pela organização, a iniciativa de construir os fontenários insere-se no âmbito da solicitações feitas pelas populações da aldeia de Lugadjol que enfrentava dificuldade em conseguir água potável, como também o pedido feito pelas associação das mulheres horticultoras de Beli, que solicitaram o apoio de AMEV para a construção de um fontenário para conseguirem água para o consumo e irrigação dos seus produtos.
Para a construção dos dois fontenários que serão equipados com bombas manuais, a organização contratou a Associação de Foceiros de São Domingos. Em Lugadjol, a equipa enfrentou dificuldades dado que o local de construção é uma pedreira, facto que levou a equipa a fazer cinco dias para conseguir atingir uns poucos metros.
No momento da visita, conseguiram escavar apenas seis metros contra uma previsão de pelo menos 18 metros de profundidade para alcançar a água. Enquanto na sede do sector (Beli), a equipa que trabalha ali conseguiu atingir a água a apenas 13 metros de profundidade.
Em entrevista ao nosso jornal, Malam Sabali explicou que a sua organização tem como missão apoiar a comunidade vulnerável do sector de Boé. Por isso decidiu, com ajuda dos seus parceiros, implementar vários projetos desde bancos de cerais, máquinas de descasque de arroz e fontenários em algumas tabancas.
Acrescentou ainda que nesta primeira fase do projeto de fontenários, apenas duas aldeias foram selecionados para beneficiar do referido apoio, que são a Beli e Lugadjol. Contou que a fonte de Beli destina-se para ajudar as mulheres horticultoras na irrigação das suas terras e na aldeia de Lugadjol é destinado para o consumo, porque aldeia depara-se com grandes problemas de falta da água potável.
Assegurou que não querem limitar-se apenas na construção das fontes, mas também têm um projeto de medicina natural que irão implementar nas comunidades. Frisou que primeiramente formarão as pessoas para terem o conhecimento sobre algumas plantas medicinais bem como a forma de uso das mesmas para o tratamento de algumas doenças.
“Existe já um manual sobre o tratamento com plantas medicinais, que será disponibilizado para as populações, mas antes devem receber uma formação sobre o uso das plantas”, notou.
O presidente de AMEV disse que a sua organização conta com o apoio de uma organização alemã denominado ‘Tabanca’, que lhes apoia com meios para a execução dos seus projetos. Explicou ainda que a referida organização foi criada por cidadãos alemães que trabalharam junto das comunidades nas tabancas nos anos 80, por isso resolveram denominar a organização de ‘Tabanca’.
Questionado se as atividades de AMEV serão estendidas para outras regiões do país, respondeu que têm o desejo de apoiar a população guineense em qualquer canto do país, mas de momento estão limitados em termos de meios, razão pela qual decidiram limitar-se apenas ao sector de Boé.
“Iniciamos aqui com a assistência médica gratuita, depois confrontamo-nos com enormes dificuldades enfrentadas pelas populações. Isso levou-nos a prosseguir com a ideia da criação de uma organização não-governamental. Mas estamos a pensar no futuro alargar a iniciativa para outras regiões. Até já demos consultas gratuitas aos reclusos na prisão de Bafatá”, informou.
Sabali afirmou que a maior dificuldade encontrada pela sua organização tem a ver com a questão das infraestruturas. Frisou que têm dificuldades em conseguir uma viatura alugada para o sector de Boé, por isso são obrigados a ir até a cidade de Gabú a fim de conseguir alugar uma viatura. Informou ainda que outra dificuldade deve-se a falta de colaboração da própria população em algumas aldeias e que muitas vezes exige a intervenção direta dos dirigentes da sua organização para sensibilizar a população.
Por: Assana Sambú
Foto: AS