terça-feira, 1 de agosto de 2017

ONG NA GUINÉ-BISSAU DENUNCIA "PRÁTICA SECRETA" DE EXCISÃO GENITAL EM BEBÉS

Pedimos aos nossos irmãos muçulmanos  praticantes da excisão feminina, que abandonem essa prática. De referir que nem todos os muçulmanos praticam a excisão feminina, muitos são ativistas e lutam diariamente contra essa prática que nos envergonha a todos.
 
A presidente de uma organização não governamental (ONG) guineense que luta contra a Excisão Genital Feminina (EGF) denunciou hoje que a prática "continua a acontecer de forma secreta" no país e agora em menores de um ano.
 
Mária Domingas Seck, que lidera a ONG "Sinin Mira Nassiquê", expressão em dialeto mandinga que significa "Olhar o futuro", responsabilizou o Estado guineense "pela falta de medidas" para evitar que a prática persista.

A responsável indicou que "cada vez mais", comunidades islamizadas "um pouco por todo país" têm estado a submeter crianças "de tenra idade" à prática da excisão, como forma de contornar a lei que proíbe a excisão desde 2011.
 
Mesmo em Bissau, a prática "é recorrente", afirmou Domingas Seck.
 
"Antes faziam a excisão às crianças aos sete anos, mas agora fazem-na, às escondidas, logo no sétimo dia após a nascença", observou a presidente daquela que é a mais antiga ONG na luta contra a EGF na Guiné-Bissau.
 
Domingas Seck disse que os familiares aproveitam-se da festa que assinala o batismo da criança - ao sétimo dia - para na mesma altura celebrar a excisão e desta forma, disse, dissimular a prática.
 
A ativista lamenta que o Estado guineense "não esteja a fazer o que devia" para desencorajar a prática da excisão no país.
 
Apontou o facto de, volvidos sete anos desde a aprovação da lei pelo Parlamento guineense, ninguém ter sido condenado a prisão, conforme previsto na lei, pela prática ou a submeter uma criança à excisão.
 
"Há pessoas apanhadas, julgadas e condenadas pela justiça, mas nunca cumpriram a pena de prisão", lamentou Domingas Seck.
 
Dados do Governo guineense e de organizações nacionais e internacionais que trabalham contra a EGF referem que cerca de 50%das mulheres e raparigas do país tenham sido submetidas à prática.
 
Fonte: Lusa, em http://www.dn.pt