Mulheres são contratadas e pagas para chorar nos funerais no Gana.
Algumas pessoas acham difícil chorar quando seus entes queridos morrem, na verdade há algumas pessoas que não conseguem chorar por nada e isso é muito ruim pois as lágrimas acabam extravasando a tristeza e propiciando um momento mais ameno neste momento tão triste. Mas também há quem chore muito e em alguns lugares, como Gana, na África Ocidental, o "choro largado" é parte imprescindível dos funerais, já que é um indicativo da posição social da pessoa falecida, ou de como ela era amada por sua família e comunidade.
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Por isso, não é de admirar que alguns ganenses estejam dispostos a pagar enlutados profissionais para chorar em seu nome. Ami Dokli é a líder de um dos vários grupos de carpideiras profissionais de Gana. Em uma recente entrevista à BBC África, ela disse que algumas pessoas não podem chorar no funeral de seus parentes, então confiam nela e em sua equipe para fazer a lamentação.
Ami e as outras mulheres de sua equipe são todas viúvas que, depois que seus maridos morreram, decidiram se unir para ajudar os outros a darem aos seus entes queridos uma despedida apropriada para a vida após a morte. Mas chorar por estranhos não é a coisa mais fácil do mundo, então os enlutados profissionais cobram uma taxa por seus serviços, cuja choradeira é diretamente proporcional ao tamanho do funeral e, lógico, do custo.
Ami e as outras mulheres de sua equipe são todas viúvas que, depois que seus maridos morreram, decidiram se unir para ajudar os outros a darem aos seus entes queridos uma despedida apropriada para a vida após a morte. Mas chorar por estranhos não é a coisa mais fácil do mundo, então os enlutados profissionais cobram uma taxa por seus serviços, cuja choradeira é diretamente proporcional ao tamanho do funeral e, lógico, do custo.
O luto profissional é apenas uma pequena parte da extravagância associada aos funerais ganenses. As pessoas deste país africano gastam os tubos, se não mais, tanto em um funeral quanto em um casamento. Um planejador de funeral de enterros disse que a cerimônia mediana deve custar entre 60 e 80 mil reais e inclui o maior número possível de carpideiras.
Esses grandes eventos sociais são precedidos por cartazes gigantes que anunciam os arranjos do funeral, e, às vezes, apresentam caixões artísticos em forma de algo que lembra os mortos e até mesmo carregadores vestidos a caráter.
Esses grandes eventos sociais são precedidos por cartazes gigantes que anunciam os arranjos do funeral, e, às vezes, apresentam caixões artísticos em forma de algo que lembra os mortos e até mesmo carregadores vestidos a caráter.
E se isso já não fosse o suficiente, outro grupo de choronas talentosas podem ajudar a família do falecido a levantar mais dinheiro dos participantes no funeral. Só faltam cortar a gravata do morto, se é que já não fazem isso.
- "O modo como lamentamos gritando de tristeza mexe com o sentimento dos simpatizantes que resolvem doar mais dinheiro às famílias enlutadas. Essa é a principal razão pela qual as pessoas nos contratam", disse Awo Yaadonko, líder de uma outra associação de carpideiras.
Curiosamente, alguns desses profissionais de luto cobram pela forma de choro que o cliente quer contratar. Entre os estilos podemos encontrar: choro soberbo (com lencinho nos olhos), choro de esquilo (tímido), lamentação, choro básico, choro emotivo, berreiro choroso, berreiro rolando no chão, choro com desmaio, choro com vômito...
Na verdade, a "profissão" é tão antiga quanto a primeira e chegou no Brasil com a colonização, mas as carpideiras daqui não recebiam em dinheiro, senão em bens da família do defunto. Acredita-se que a mania de falar mal de gente morta, que durante a vida toda foi criticada, venha dai.
Na verdade, a "profissão" é tão antiga quanto a primeira e chegou no Brasil com a colonização, mas as carpideiras daqui não recebiam em dinheiro, senão em bens da família do defunto. Acredita-se que a mania de falar mal de gente morta, que durante a vida toda foi criticada, venha dai.
Eu tenho uma historinha bem rápida em relação ao assunto. Faz alguns anos... muitos anos, na minha terra, havia um cara simplório chamado Zé do Pó, de mais ou menos uns 40 anos. Circunspecto, falava apenas o necessário e vivia de fazer bicos limpando quintais, cortando capim ou buscando lenha.
Ninguém sabe ao certo como começou, mas diziam que desde adolescente ele era o primeiro a chegar em um velório local. Com o tempo isso se tornou uma espécie de tradição. Quando morria alguém e o Zé do Pó não aparecia, a família, fosse abastada fosse simples, ficava preocupada, mas isso aconteceu poucas vezes, pois o homem tinha um faro para morte que eu nunca vi igual.
Zé tinha um lugar de destaque: uma cadeira ao lado do caixão e recebia uma garrafa de pinga só dele, para beber o morto durante a madrugada. Também ganhava fartas fatias de bolão de milho.
Ele era um sujeito bem lento, mas evidentemente sabia que aquele era o seu momento diante da sociedade da pequena cidade. Levantava de quando em quando, arrumava a roupa do falecido e voltava a se sentar. Sem dizer um "A".
Assim foi, até que um dia o Zé morreu. Segundo disseram ele foi buscar lenha e cortou o próprio galho da árvore onde estava empoleirado (eu disse que ele era lento). Seu funeral foi no salão do clube municipal e a cidade toda compareceu. E mais... mais tarde decidiram construir uma sepultura bem na entrada do cemitério. Assim, o bom Zé recebe todos os mortos já na entrada, solenemente, com uma garrafa de pinga e uma fatia de bolão.
Ninguém sabe ao certo como começou, mas diziam que desde adolescente ele era o primeiro a chegar em um velório local. Com o tempo isso se tornou uma espécie de tradição. Quando morria alguém e o Zé do Pó não aparecia, a família, fosse abastada fosse simples, ficava preocupada, mas isso aconteceu poucas vezes, pois o homem tinha um faro para morte que eu nunca vi igual.
Zé tinha um lugar de destaque: uma cadeira ao lado do caixão e recebia uma garrafa de pinga só dele, para beber o morto durante a madrugada. Também ganhava fartas fatias de bolão de milho.
Ele era um sujeito bem lento, mas evidentemente sabia que aquele era o seu momento diante da sociedade da pequena cidade. Levantava de quando em quando, arrumava a roupa do falecido e voltava a se sentar. Sem dizer um "A".
Assim foi, até que um dia o Zé morreu. Segundo disseram ele foi buscar lenha e cortou o próprio galho da árvore onde estava empoleirado (eu disse que ele era lento). Seu funeral foi no salão do clube municipal e a cidade toda compareceu. E mais... mais tarde decidiram construir uma sepultura bem na entrada do cemitério. Assim, o bom Zé recebe todos os mortos já na entrada, solenemente, com uma garrafa de pinga e uma fatia de bolão.
Fonte: https://www.mdig.com.br