terça-feira, 11 de setembro de 2018

ARISTIDES GOMES RECONHECE QUE O PAÍS NÃO APROVEITA OPORTUNIDADES DE MERCADO REGIONAL


O Primeiro-ministro guineense e que igualmente ocupa a pasta da Economia e das Finanças, Aristides Gomes, reconheceu esta terça-feira, 11 de setembro 2018, que o país não aproveita as oportunidades do mercado financeiro regional devido à problemáticas ligadas ao desconhecimento dos seus mecanismos, à barreira linguística e ao pouco número de ações de sensibilização.
Gomes falava durante a cerimónia de abertura da jornada de informação e de sensibilização sobre o mercado financeiro regional e suas oportunidades, realizada pelo Conselho Regional da Poupança Pública e dos Mercados Financeiros da União Monetaria Oeste Africana. A jornada juntou mais de 50 jovens estudantes das diferentes universidades da capital Bissau e grandes escolas, bem como representantes das organizações financeiras.
Aristides Gomes disse que o país enfrenta constrangimentos relacionados com os níveis de pobreza e com a baixa empregabilidade, o aumento da população e uma taxa de investimento fraca. Acrescentou que o país enfrenta também o desafio da modernização do Estado, o reforço a economia na sub-região, sublinhando no entanto que estas realidades necessitam de mobilização importantes recursos.
Assegurou que a taxa de crescimento da África subsariana durante os últimos anos, particularmente nos países da União Economica Monetaria Oeste Africana, resulta numa média anual de 6,6 % muito superior às despesas que estima estarem entre 3% e que os países membro da UEMOA que aspiram emergência necessitam de diversificar os instrumentos financeiros a fim de poderem lutar contra os desafios contemporâneos.
Aristides Gomes explicou ainda na sua intervenção que o mercado financeiro da UMOA mobilizou desde a sua criação em 1998 até 30 de junho de 2018, mais de 7,770 bilhões de FCFA, uma média anual de 370 bilhões de FCFA, tendo acrescentado que a sua contribuição foi mais decisiva nos últimos três anos, com uma média de cerca de 1.000 bilhões de recursos coletados a cada ano.
“Cerca de 80% dos recursos angariados no mercado financeiro regional foram reservados para o financiamento dos Estados da União e, em especial, para os setores da energia, das telecomunicações e das infraestruturas. A Bolsa de Valores Regional, com 45 empresas listadas e 41 linhas de títulos, exibe uma capitalização de mercado total de 9.460,45 bilhões de FCFA a 30 de junho de 2018, ou seja, aproximadamente 15 % do PIB da União. Ele ocupa o sexto lugar no ranking das bolsas de valores africanas”, notou.
Para o presidente do Conselho Regional da Poupança Pública e dos Mercados Financeiros da União Monetária Oeste Africana, Mamadou Ndiaye, o desempenho do mercado financeiro regional não obstante ter crescido, ainda é modesto em comparação com os desafios de desenvolvimento das economias dos países do espaço da UMOA. Contudo, recordou que em 2017 para os orçamentos nacionais dos oito (8) países da UEMOA foram alocados cerca de 20.000 milhões de francos CFA, enquanto a quantidade de emissões de mercado primário foi de cerca de 1 396,000 milhões FCFA realmente mobilizada. Frisou que o mercado financeiro contribuiu com apenas 7 por cento dos orçamentos nacionais, com a excepção da Guiné-Bissau.
Explicou ainda que o Bureau Regional de Valores Mobiliários (BRVM) fixou a 30 de junho do ano em curso uma capitalização total de mercado de 9.461 bilhões de francos CFA, ou cerca de 15% do PIB da União. Para as economias pré-emergentes, esse índice é de pelo menos 50%.
“Aproximadamente vinte (20) novos atores são credenciados a cada ano. A 30 de junho de 2018, o número total de interessados credenciados era de 179 em comparação com 130 em 2015 e 150 em 2016. Apesar dos esforços feitos pelas autoridades para promover o Mercado Financeiro Regional, as empresas públicas e privadas ainda relutam em recorrer a esse mercado para financiar seus investimentos. No entanto, estima-se que um potencial de poupança de quase 500 bilhões de FCFA está disponível na sub-região a cada ano e está a espera para ser mobilizado, sem contar os investidores estrangeiros que estão cada vez mais interessados no nosso mercado dado os níveis de remuneração oferecidos e as questões de diversificação de risco de sua carteira. Este é um enorme desafio que devemos enfrentar juntos”, explicou.
Ndiaye assegurou que o ano 2017 foi o ano da adoção de vários regulamentos, que segundo a explanação, permitiram, incluindo o lançamento em dezembro do ano passado, do terceiro compartimento a Bolsa Regional de Valores dedicada ao financiamento de Pequenas e Médias Empresas, locomotivas das economias dos nossos estados.
“Até à data, dez empresas da União estão em processo de adesão a este Sub fundo através do programa “Elite Lounge” financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Uma nova onda de empresas poderia ser seleccionada até o final do ano de 2018. O Conselho Regional encoraja fortemente as Pequenas e Médias Empresas da Guiné-Bissau para abordar o Conselho Regional e o BRVM, de forma a aproveitar as novas oportunidades de financiamento de suas atividades por meio do canal de mercado”, observou.
 
Por: Epifania Mendonça