domingo, 16 de setembro de 2018

IRMÃ DE DJALÓ MORTA EM VINGANÇA DE RIXA DE GANGUES


Açucena Patrícia e os amigos deslocaram-se, na sexta-feira à noite, às festas da Nossa Senhora da Boa Viagem, na Moita. A boa disposição da jovem de 17 anos, irmã do ex-futebolista do Sporting e Benfica, Yannick Djaló, ficou patente nos vídeos deixados nas redes sociais. No entanto, os bons momentos viriam a culminar em tragédia.

Já no sábado, pelas 02h30, Açucena e os amigos foram atropelados por um jovem de ascendência africana, de 21 anos, que entrou a conduzir a alta velocidade numa rua cortada ao trânsito, à procura de atingir quem o tinha agredido numa rixa, momentos antes, envolvendo membros de gangs rivais. A irmã de Yannick Djaló e os cinco amigos foram colhidos violentamente, quando já estariam a regressar a casa. Fonte próxima da família disse ao CM que um irmão de Açucena e Yannick viu a jovem de 17 anos a ser colhida.

Após o atropelamento, ocorrido na rua Dr. Manuel Evaristo, o carro embateu contra postes de madeira instalados para as largadas de bois. Açucena foi projetada contra uma parede, já na travessa do Açougue. Um ex-bombeiro, residente nas imediações e que ouviu o estrondo, saiu de casa para ir assistir a vítima. Começou por lhe conter uma hemorragia que começava a sufocá-la e estabilizou-a antes da chegada da viatura médica do INEM. A jovem foi transportada de urgência para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, onde veio a morrer já ao princípio da manhã.

Os cinco amigos (dois rapazes e três raparigas), entre os 16 e os 25 anos, sofreram ferimentos ligeiros e receberam assistência no hospital do Barreiro. O agressor, um jovem do bairro da Cidade Sol, já tinha ficha policial. Ainda tentou fugir após o atropelamento, mas foi preso. Aparentava estar alcoolizado e, no posto da Moita, fez testes de consumo de álcool e droga. Presente a um juiz no Tribunal do Barreiro foi-lhe decretada a medida mais gravosa, a prisão preventiva.


Condutor com ficha policial preso e indiciado por onze homicídios

O juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro, que este sábado de manhã interrogou o jovem, de 21 anos, responsável pelo atropelamento mortal de Açucena Patrícia, rapariga de 17 anos, irmã de Yannick Djaló, e por infringir ferimentos noutros cinco amigos, não teve dúvidas em aplicar-lhe a medida de coação mais grave: prisão preventiva.

O jovem, já com ficha policial junto das forças de segurança da zona por crimes como furto ou roubo, envolveu-se ao princípio da madrugada de sábado em confrontos físicos com membros de gangs africanos da zona. Tinha carta há apenas 3 meses. Enraivecido, abandonou a rua Dr. Manuel Evaristo onde decorreram as agressões e foi buscar o carro, um Skoda, adquirido em regime de Leasing por familiares. Assim que viu uma barreira policial de cinco militares da GNR que impediam o trânsito na referida artéria, acelerou para os atropelar. Os guardas tiveram de saltar para escapar ilesos.

Mal se livrou dos agentes da autoridade, o jovem voltou a acelerar e só parou ao atropelar o grupo onde seguia Açucena Patrícia e os amigos. O Skoda bateu violentamente contra uma vedação de madeira, construída para as largadas de touros habituais nas festas da Moita. Três militares da GNR, de policiamento gratificado, impediram a fuga. Foi tirado do carro para evitar que populares o agredissem devido à violência do acidente. A GNR levou, ao juiz do Tribunal do Barreiro, prova suficiente para o indiciar num crime de homicídio qualificado, dez de homicídio qualificado tentado, e um de condução perigosa.

"Ainda não consigo acreditar"
Yannick Djaló, futebolista internacional português de 32 anos, formado no Sporting e que passou também pelo Benfica, ficou em choque com a notícia da morte de Açucena Patrícia. A jogar no clube Ratchaburi Mitr Phol FC, da primeira Liga da Tailândia, o jogador viajou para Portugal. No Instagram escreveu assim: "Preferia que sentisses o que estou a sentir e trocássemos de lugar, minha Açu... Palavra nenhuma consegue descrever a dor que sinto e quão pesado está o meu coração. Ainda não consigo acreditar."

"Inconsciente e com hemorragias"
Francisco Jesus, bombeiro e morador na rua do acidente ouviu o estrondo e saiu de casa a correr para tentar ajudar Açucena. "Ela estava inconsciente, tinha uma fratura no braço esquerdo, várias hemorragias e estava em sufocação", contou ao CM.

Festas da Moita têm fim previsto para domingo
Apesar do desfecho trágico da madrugada de sábado, com um morto e cinco feridos, as festas em honra da Nossa Senhora da Boa Viagem, Moita, prosseguiram de acordo com o programa. Este sábado decorreram novas largadas de touros. As festas terminam este domingo.

SAIBA MAIS
1217
Foi o ano em que, após a reconquista de Alcácer do Sal aos mouros, se dá o povoamento da faixa ribeirinha na qual se integra o atual território da Moita.

Alhos Vedros
Foi durante muitos anos mais importante do que a Moita. No século XIX, perde autonomia. O concelho da Moita foi extinto em 1895, mas voltou a recuperar este estatuto em 1898.

Devoção
Nossa Senhora da Boa Viagem é a padroeira da Moita.

Festa brava
Em 2001, na Monumental Daniel do Nascimento, nas festas da Moita, Pedrito de Portugal matou um toiro.

Fonte:
https://www.cmjornal.pt