sábado, 11 de outubro de 2014

CARTA ABERTA AO SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU, DR. JOSÉ MÁRIO VAZ

Fernando Casimiro (Didinho)Fonte: didinho.org
Por: Fernando Casimiro (Didinho)
Obrigado irmão didinho, estamos juntos.
 
Estimado compatriota, Dr. José Mário Vaz, escolhido pela maioria do nosso povo, entre os cidadãos eleitores, para exercer o cargo de Presidente da República da Guiné-Bissau, por conseguinte, para ser o Presidente de todos os guineenses.
 
Esta minha carta aberta não tem como propósito avaliar o seu curto período no exercício do seu mandato de cinco anos, até porque, tenho feito pontualmente reparos, na qualidade de cidadão guineense com direitos e deveres de cidadania, sobre o que, no meu entender, não se enquadra numa estratégia sustentável e positivista quer para a Guiné-Bissau, em particular, quer para os guineenses em geral, a propósito de alguns dos seus posicionamentos e algumas das suas decisões, ainda que, assentes numa legitimidade conferida pelo povo eleitor e na qualidade de Chefe do Estado, legitimidade essa que, importa dizê-lo, também se rege pela Carta Magna da Nação, ou seja, a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU!
 
A razão desta minha carta aberta prende-se, porém, com as suas afirmações recentes aquando da tomada de posse do novo Procurador-Geral da República, afirmações que, pela gravidade das acusações indirectas, por conseguinte, vazias, ou seja, que não preenchem requisitos para nenhuma actuação do Ministério Público, porquanto, o Sr. Presidente não ter referenciado nomes, facto que, ainda assim, levanta suspeições a toda uma classe, quando nem todos, dessa classe, devem ser conotados com a CORRUPÇÃO e, muito menos, ser apelidados de CORRUPTOS...
 
Lamento imenso ser eu a escrever esta carta aberta, quando toda uma classe publicamente acusada e humilhada se refugia num silêncio ensurdecedor, como que, a dar razão ao Presidente da República pelas graves e vazias acusações que proferiu.
 
O que me leva a escrever esta carta aberta, Sr. Presidente Dr. José Mário Vaz é a necessidade de um esclarecimento público que se exige da sua parte, perante várias acusações estampadas num espaço virtual, ainda no tempo que o Sr. Dr. José Mário Vaz era Ministro das Finanças.
 
Se de facto o Sr. Presidente da República se sente com moral para acusar outros de serem CORRUPTOS, de ostentarem sinais de riqueza incompatíveis com os seus ordenados, etc., etc., também assiste ao Sr. Presidente da República, em nome da Verdade, da Transparência e do Respeito pelo povo que o elegeu, esclarecer, limpar seu nome, relativamente ao que, consta, de práticas de CORRUPÇÃO e DESVIOS de dinheiros públicos em benefício próprio.
 
Para além da recolha compilada e aqui apresentada, todos ficamos a saber, através de um processo instaurado pelo próprio Ministério Público guineense, antes da apresentação da sua candidatura presidencial, do seu alegado envolvimento no desvio de fundos angolanos destinados à Guiné-Bissau, no valor de doze milhões de dólares.
 
Como deve imaginar, Sr. Presidente da República, qualquer um pode acusar qualquer outro, de forma gratuita.
 
Como certamente sabe, acusar deve ser um acto de responsabilidade, porquanto, sujeito à responsabilização, num verdadeiro Estado de Direito.
 
Posto isto, creio que, por tudo quanto é suspeito de participação, em forma de CORRUPÇÃO e DESVIO DE FUNDOS, é chegada a hora de o Sr. Presidente, Dr. José Mário Vaz esclarecer a opinião pública, em suma, ao povo guineense, se, de facto tudo não passa, não passou, de perseguição e cabala política; ou se, na verdade, tem tudo o que se diz que tem, mas que conseguiu tudo isso com ordenados ganhos num outro país que não a Guiné-Bissau, ainda que estivesse a exercer o(s) cargo(s) na Guiné-Bissau...
 
Ou pelo "perdão" e "reconciliação" na sua óptica, Sr. Presidente, o perdão inquestionável é o auto-conferido ao Presidente da República, por ele próprio...?
 
Podemos considerar verdadeiras as diversas acusações/insinuações publicadas no espaço virtual fonte de recolha da nossa pesquisa, já que, nenhum desmentido, nenhuma acção de responsabilização partiu do Sr. Presidente da República, ou do então Ministro das Finanças...?!
 
Podemos dizer que, quem cala consente, Sr. Presidente da República?
 
Ou vamos todos continuar a dizer que o passado é para esquecer e que o perdão garante a reconciliação... Tudo isso, em função dos interesses de uns e contra os interesses da maioria?!
 
Muito obrigado.
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Carta Aberta: Magistrados guineenses criticam PR José Mário Vaz - Dou graças a Deus por acabar de ler esta notícia, até porque no texto que escrevi há momentos lamentava o facto de não ter havido uma resposta da classe acusada pelo Presidente da República Dr. José Mário Vaz... Ainda bem que, em nome do Respeito pela classe, mas também, em nome da Verdade e da Ética, os Magistrados Guineenses responderam e bem, ao Presidente da República, Dr. José Mário Vaz! Didinho 10.10.2014