sexta-feira, 3 de outubro de 2014

EDITORIAL: DIPLOMACIA DE ARROGÂNCIA E INSINUAÇÕES

 
No entendimento de alguns países, a Guiné-Bissau continua a ser uma “criança” que pode ser chamada de todos os nomes sem que nada aconteça. Ou seja falar em nome da Guiné-Bissau ou para a Guiné-Bissau é já um dado adquirido para países como Angola e Portugal numa clara falta de ética diplomática e consideração quer para com as autoridades nacionais quer para com o povo guineense. O que falta a estes países é um dia convocar uma cimeira internacional para discutir como mudar a Bandeira e o Hino Nacional da Guiné-Bissau. E se assim for, ninguém deverá ficar surpreendido tendo em conta a passividade que caracterizou os sucessivos dirigentes do nosso país até agora.
 
Depois da tentativa falhada na Cimeira da UA em Malabo (Guiné-Equatorial) em Julho último, os mesmos parceiros aproveitaram da tribuna onusina para outra vez, de forma arrogante e insinuante, se afirmarem em melhores “arquitectos” da reforma militar que deve ser implementada na Guiné-Bissau com o mesmo slogan “sem a força de estabilização não há reforma”. E por detrás desse discurso, faltava acrescentar o seguinte: “os indivíduos a reformar por “serem malucos”, nunca aceitarão abandonar as casernas sem uma real força de dissuação ou de intimidação”.
 
O nosso entendimento é que os defensores desta abordagem ainda não conhecem ou fingem não conhecer as reais causas da instabilidade na Guiné-Bissau. A história já nos provou que o recurso à força neste país, desde os séculos da resistência ao conflito de 7 de Junho, nunca ajudou em resolver nada senão a ruinar o futuro colectivo do povo que aspira viver em paz e estabilidade. Ausente da cena diplomática internacional devido aos enormes problemas internos, a antiga potência colonial tenta forjar uma visibilidade no dossier guineense através de uma abordagem leviana e mesquinha. A posição leviana de dirigentes portugueses e angolanos tem sido facilitada pelo silêncio das autoridades nacionais que, por interesses particulares, por medo ou ainda por complexo, fecham os olhos e tapam os ouvidos face a constantes ingerências inaceitáveis nos assuntos internos do nosso país.
 
Há varios anos que Angola e Portugal têm adoptado a mesma diplomacia de arrogância para com a Guiné-Bissau recorrendo sempre a etiqueta da Reforma no Sector de Defesa e Segurança como medalha e justificação no seio da comunidade internacional. A advocacia a favor do envio de um contigente militar para impor a reforma na Guiné-Bissau não terá certamente pernas para andar. A opinião pública guineense, embora ainda muito jovem, está em alerta e cada vez mais consciente da realidade do mundo. Qualquer solução que incorpore o interesse deste país deve ser resultado de um debate alargado entre os guineenses e não um produto resultante da agenda externa.
 
A Reforma no Sector de Defesa e Segurança nunca terá sucesso com base em intimidações pouco menos em estratégia chantagista. A fórmula correcta é que além da reforma militar ser indissociável da imperativa reforma de Estado no seu todo, ela deverá ser um processo guiado por leis e não por uma pessoa ou um grupo de indivíduos cá dentro ou fora do país com base em interesses contrários dos interesses da pátria guineense. As forças armadas serão sempre forças armadas da Guiné-Bissau por isso, há que haver respeito pela nossa soberania em questões essenciais.
 
Não se deve admitir nunca mais ingerências que em vez de ajudar complicam as coisas. Às novas autoridades eleitas, esperemos que tenham sempre em conta a necessidade imperiosa de um diálogo permanente com a classe castrense com vista salvaguardar a independência nacional. O futuro da Guiné-Bissau está em primeiro lugar nas mãos dos guineenses. Que haja respeito!
 
Por: Redação

Só vou acrescentar o seguinte: As novas autoridades do país, são cúmplices do plano macabro preparado pelas forças ocultas contra os nossos militares, políticos e intelectuais que não se venderam aos gangues angolanos e aos governos fascistas que têm governado e arruinado Portugal nas últimas décadas. Portanto os militares têm a solução nas mãos, que é cortar o mal pela raiz. Amanhã já é tarde demais.