terça-feira, 22 de dezembro de 2015

AS CINCO PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS PARA ÁFRICA

África deverá ser um dos continentes mais afetados pelas mudanças climáticas – se não mesmo o mais afetado. As secas, as cheias e as tempestades vão aumentar. A economia vai sofrer as consequências, e a saúde também. No rescaldo da COP21, a BBC destaca as cinco principais consequências que o continente conhecerá.
 
1. A agricultura vai ser mais complicada…
 

O Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) diz estar plenamente convencido de que a subida das temperaturas e as chuvas imprevisíveis vão dificultar a vida dos agricultores, sobretudo em cultivos como milho, arroz ou trigo. Prevê, por exemplo, que em 2050 os cultivos de milho no Zimbabwe e na África do Sul terão caído mais de 30% em relação aos números atuais. E um cientista usou os dados do IPCC para prever que em 2100 o Chade, o Níger e a Zâmbia poderão praticamente não ter setor agrícola, devido às mudanças climáticas. E todo este cenário é particularmente assustador se pensarmos que dois terços dos habitantes da África subsaariana trabalham na agricultura, e que esta representa um terço do PIB do continente.
 
2. … mas haverá novas oportunidades agrícolas
 
Os países das zonas mais altas de África, como a Etiópia, o Quénia ou a Tanzânia, poderão passar a ter mais facilidades em termos agrícolas – ainda que, globalmente, as perspetivas para os números dos cereais em África sejam pessimistas, de acordo com o IPCC. Um dos principais desafios será tornar os agricultores capazes de saber escolher as melhores sementes.
 
3. Malnutrição
 
A insegurança alimentar vai agravar-se – e isso terá, claro, um impacto na saúde. No Mali, por exemplo, o IPCC diz que em 2050 250 mil crianças deverão sofrer de malnutrição crónica ou de atrasos no crescimento, e que a culpa de um grande número destes casos será das mudanças climáticas. A taxa de subnutrição na África subsaariana está a descer (hoje é de uma em cada quatro pessoas), mas os números tendem a aumentar também devido ao aumento do número de nascimentos.
 
4. Malária
 
O IPCC admite que a transmissão de doenças é um assunto demasiado complexo para se conseguir prever seja o que for. Mas, mesmo assim, arrisca no caso do este africano, uma das zonas mais densamente povoadas do continente. E, ali, os mosquitos da malária proliferarão, diz esta entidade, beneficiando do aumento das temperaturas. A doença chegará a zonas acima dos 2 mil metros de altura, até aqui poupadas. O continente reduziu a mortalidade por malária em mais de um terço desde 2000, mas o ciclo pode inverter-se.
 
5. Escassez de água
 
Este é outro dos efeitos mais óbvios. A escassez de água é, no entanto, motivada por muitos outros fatores, como o crescimento populacional, a rápida urbanização ou as mudanças na forma como se explora a terra. Por isso, ainda não é claro que amplitude terão os efeitos das mudanças climáticas sobre a água. Mas, hoje, muitos países africanos têm problemas a este nível, e estima-se que 95% das terras de cultivo na África subsaariana contem apenas com a água da chuva. E três autores do relatório do IPCC disseram à BBC que o efeito das mudanças climáticas em África que mais os preocupa é precisamente aquele que se relaciona com a alteração das chuvas. Fonte: Aqui