sábado, 19 de dezembro de 2015

E SE A COMIDA AFRICANA FOR A PRÓXIMA TENDÊNCIA GASTRONÓMICA GLOBAL?

A comida africana está amplamente disponível nas grandes metrópoles europeias, como Londres ou Paris, devido às suas grandes populações africanas e aos laços históricos com o continente. Só que, nestas cidades, onde as gastronomias indiana, chinesa ou tailandesa vingaram, para as que vêm de África parece mais difícil ganhar e consolidar a fama. Talvez porque hoje se instalou a obsessão da comida saudável – e a africana é vista como tendo muita gordura ou falta de proteína. Mas esta ideia pode estar a mudar.

Fafa Gilbert, uma cozinheira do Gana, não só não concorda como quer mudar esta forma de ver a comida do seu continente. Vive em Londres, e no seu canal de YouTube ensina a fazer pratos africanos. Diz que muitos são extremamente saudáveis. Transformou o piso térreo da sua casa numa enorme e elegante cozinha, e é ali que dá asas à criatividade. «É este o sítio onde me sinto realmente livre», diz.
 
Outro exemplo é Nky Iweka, especialista em computadores e há muito a viver também em Londres. Diz que nada lhe dá mais prazer do que ver as pessoas a saborearem os seus pratos. Desistiu dos computadores para seguir o seu maior sonho: apresentar a cozinha nigeriana ao mundo. E agora quer abrir um restaurante, que além de pratos da Nigéria inclua outras iguarias africanas. Chama a si mesma «Mama Put» – o nome coloquial dado na Nigéria às vendedoras de rua –, e atualmente dedica-se a organizar cookouts (sessões onde se juntam diversas pessoas para provar os seus pratos e aprender a confecionar alguns deles). Diz que a comida africana está finalmente a ganhar uma reputação, e que essa é a «fronteira final da culinária».
 
Já Loic Dable, um cozinheiro parisiense com raízes na Costa do Marfim, é outro caso a destacar. Abriu um restaurante gourmet num dos bairros mais centrais de Paris. É caso único na cidade. Diz que a sua comida é arte e que a localização foi escolhida por complementar os seus pratos africanos. Quando se olha para os pratos, percebe-se: parecem mais esculturas do que comidas diárias em África.
 
Mas talvez o maior caso de sucesso seja o do restaurante eritreu Blue Nile. Fica em Londres, e, ao fim de 11 meses aberto, foi considerado o melhor restaurante da cidade no portal TripAdvisor. «Dantes era um bar de sanduíches, mas não tinha muito sucesso. Por isso decidi mudar, e fazer do espaço um restaurante eritreu.» Quem o diz é Shewa Hagos, que gere o espaço com os três filhos. A especialidade, agora, é, como noutros espaços eritreus ou etíopes, o injera, um tipo de pão, feito com teff (um cereal hoje considerado um superalimento). No site do Blue Nile, salienta-se que o menu é livre de glúten e que há uma «grande variedade de pratos vegetarianos». Fonte: Aqui