terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Editorial: SEM KOUMBA YALA E SEM MILITARES, PAIGC RUMO AO COLAPSO FINAL?

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Os sinais de divisões internas no Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) tomam, cada dia que passa, novos contornos. As contradições contínuas associadas à disputa renhida entre José Mário Vaz e Domingos Simões Pereira (da mesma formação política) tornaram o PAIGC numa autêntica “arena”. Contrariamente a algumas vozes mais optimistas, a actual batalha de alas no PAIGC, está longe de conhecer um epílogo. O cenário prevalecente leva a concluir que os diferentes protagonistas, com “interesses cruzados”, não estão dispostos a cederem a a nada e a ninguém. Cada um confia no seu capital de “destruição” contra o outro. As alianças, em grande parte, de circunstâncias, revelam-se incapazes de superar o imenso buraco de ruptura já existente entre as partes. O desfecho poderá culminar mesmo na morte do próprio PAIGC. O descomando, a falência da liderança visionária devido à anarquia vigente, a défice gritante de edifício institucional, levarão sem sombra de dúvida o PAIGC rumo ao colapso final (?).

 
Em 1998, o conflito político militar levou o partido de Amílcar Cabral aos rastos e foi parar-se no muro da oposição. Foram quase 4 anos de uma experiência amarga O PAIGC só vinha a recuperar o poder na cinza do falhanço colectivo da liderança do PRS. De lá para cá, de “maiorias absolutas” em “maiorias folgadas”, os libertadores mostraram-se sempre incapazes de colocar os superiores interesses do povo acima de interesses mesquinhos de clãs e assumir o gigantesco desafio de reformar este país. Tudo o que assistimos até aqui gira em torno de “populismo e cosmético”. Resultado, o país está desorientado sem “rumo” porque o PAIGC está “doente” e refém de um sistema caduco, ultrapassado e contaminador. Nenhuma reforma, seja qual for a visão que tiver na base, não terá sucesso com este partido onde reinam bajulação, intrigas, arte de mentir, incompetência.
 
É hora de todos os guineenses, independentemente da cor partidária, pertença étnica ou religiosa, terem a coragem de responsabilizar este “gerador” de anarquia, de clientelismo, nepotismo e manipulação, pelo pesadelo que tem vindo a impor ao mártir povo guineense através de manipulação e corrupção de palavras.
 
A grande verdade é que o PAIGC beneficiou da sombra quer do Kumba Yalá bem como da atitude irresponsável dos dirigentes militares para continuar a reivindicar a sua legitimidade a governar este país. A mentira tem pernas curtas, diz o ditado. Hoje, a roupa suja do PAIGC está a contaminar tudo e todos e a sanção suprema não poupará nenhum dirigente deste partido contaminador. Yalá e militares serviram-se de “cobertor” ao PAIGC ao longo da nossa história democrática. O Koumba (com qualidades e defeitos) era tido como o inimigo comum no PAIGC. No meio de conflitos internos, um discurso de Koumba Yalá bastava para juntar os camaradas nas fileiras contra o “fantasma” que vinha do “lado contrário”.
 
Além de Koumba Yalá, a atitude das forças armadas guineenses ajudaram grandemente o partido libertador a renovar o seu discurso político e consequentemente beneficiar em cada pleito eleitoral da confiança popular. O PAIGC, graças a sua capacidade em arte de manipulação e capacidade de regeneração sobretudo em períodos pré-eleitorais, tinham nos militares “excelente estrume” de propaganda política. A imagem “monstruosa” do soldado guineense ajudou muito o PAIGC a afirmar-se como o (falso?) “garante” de unidade nacional quando na realidade incarna a destruição nacional. A verdade está hoje a vista. O próprio feiticeiro do PAIGC chama-se o PAIGC. A autodestruição será infelizmente a única via da reforma.
 
Os guardiões do sistema fantoche nunca deixarão de ser obstáculos a qualquer projecto de mudança real neste país, mesmo vindo de um bom filho do PAIGC. Muitos ditos “veteranos” estão em guerra aberta contra actual direcção do partido porque os seus subsídios inventados foram simplesmente cortados!
 
Atenção, os vírus contaminadores de autodestruição não se limitarão às instalações do partido de Cassacá. Já atingiram as paredes de outros ditos partidos. Aliás, olhando para o homem político guineense constata-se logo um denominador comum: “amor à minha facilidade pessoal”. E daí, a seguinte pergunta: Que alternativa para a Guiné-Bissau?
 
Por: Redação