quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

RETROSPECTIVA 2015: AS ELEIÇÕES QUE MUDARAM A ÁFRICA

Em 2015 vários países africanos organizaram eleições gerais, saudadas como exemplares, designadamente na Nigéria, Burkina Faso e Tanzânia e outras de má memória, como no Burundi e Egipto.
 
Na Nigéria, registou-se pela primeira vez uma transição democrática desde a sua independência, em 1960, com a eleição do antigo general Muhammadu Buhari. Tratou-se da passagem de poder de um presidente civil, Goodluck Jonathan, para um outro democraticamente eleito.
 
Buhari, que venceu o escrutínio de 28 de Março de 2015, com 53,95% dos votos, disse no seu primeiro discurso, depois de ser eleito, que a Nigéria juntou-se à comunidade de nações que substituem o presidente por meio de eleições livres e honestas.
 
Um terço dos quase 170 milhões de habitantes do país, o mais populoso de África, foi às urnas nos 36 Estados que integram esta República Federal, pela quinta vez desde que em 1999 se restabeleceu a autoridade civil, após uma cadeia de golpes de Estado ocorridos depois da independência, em 1960.
 
Exemplo similar registou-se no Burkina Faso, com a vitória de Roch Marc Christian Kaboré, homem forte do regime do ex-presidente Blaise Compaoré, salvo por ter passado à oposição antes da queda do seu chefe.
 
A sua eleição, a  29 de Novembro de 2015, à primeira volta, com 53,46% dos votos, foi saudada pela comunidade internacional por as eleições terem decorrido num clima de paz.
O seu principal rival,  Zéphirin Diabré, que se posicionou no segundo  lugar, com 29,62% dos sufrágios, tal como outros vencidos, reconheceram a vitória do eleito, ao contrário do que tem sido regra em África, com a invocação de fraudes eleitorais inexistentes.
 
É também pela primeira vez na história do país que um presidente civil entrega o poder a  outro civil democraticamente eleito.
 
Em 2015, não se registou a quebra da tradição na Tanzânia, o único país da África do Leste  onde se realizam escrutínios regulares e credíveis para a eleição dos presidentes.
 
Dez anos depois, o presidente Jakaya Kikwete cedeu o poder a  John Magufuli, seu antigo ministro das Obras Públicas e companheiro do partido governante, o Chama Cha Mapinduzi (CCM).
 
Magufuli torna-se no quinto presidente do país, desde a independência, a contar do “pai” da Nação, em 1962, Juluis Nyerere.
 
O ano de 2015, em termos de poder, em África, também ficou manchado com  o anúncio da candidatura e eleição a um terceiro mandato do presidente Pierre Nkurunziza, que mergulhou o Burundi em instabilidade política e social.
 
Trata-se da pior crise, neste país da região dos Grandes Lagos, desde a sangrenta guerra civil dos anos de 1990, causada por rivalidades étnicas, entre a maioria hutu e a minoria tutsi, então no poder.
 
O mesmo cenário verificou se no Egipto, onde a corrida eleitoral ficou marcada pela apatia e críticas de repressão, levando os egípcios a votar na primeira e segunda fase num escrutínio que não trouxe a paz desejada.
 
Essas eleições visaram  reactivar o Parlamento, após um intervalo de mais de três anos. O último Parlamento do Egipto foi eleito entre 2011 e 2012, após as manifestações populares contra Hosni Mubarak.
 
 Na primeira votação pós-Mubarak, Mohamed Morsi venceu e tornou-se no primeiro presidente eleito democraticamente. Em 2013, novos protestos foram realizados contra Morsi e uma junta militar liderada por Abdel Fattah al-Sisi destituiu o presidente. Fonte: Aqui