Com os níveis de educação, de emprego e de rendimento a aumentarem para as mulheres da África subsaariana, alguns observadores disseram que seria de esperar que as taxas de divórcio seguissem também uma rota ascendente – tal como aconteceu em boa parte do mundo ocidental. Mas, num novo estudo, investigadores da Universidade de McGill, no Canadá, concluíram que as taxas de divórcio em 20 países africanos e nos últimos 20 anos mantiveram-se estáveis, tendo-se até reduzido em alguns casos.
«Apesar de a urbanização e a empregabilidade feminina estarem habitualmente associadas a taxas de divórcio mais altas, na África subsaariana estes dois fatores refletem-se sobretudo na idade mais tardia por ocasião do primeiro casamento», explica Shelley Clark, diretora do Centro de Dinâmicas Populacionais da Universidade de McGill. «Percebemos que nos países africanos em que as mulheres se casam numa idade já mais madura os casamentos tendem a ser mais estáveis, o que resulta em menos divórcios.»
A instabilidade matrimonial e das estruturas familiares é um tema crítico em algumas partes do globo, onde aos divórcios se aliam consequências gravíssimas para a saúde e a educação das crianças. Num trabalho anterior, Clark, também professora de Sociologia, estudou 11 países da África subsaariana e percebeu que, enquanto os filhos de mães solteiras estavam habitualmente em desvantagem (comparativamente com crianças cujos pais estavam casados), os filhos de mães divorciadas tinham maior probabilidade de morrer do que os de mães solteiras ou viúvas.
Por outro lado, sendo que a maioria dos casamentos e dos divórcios na África subsaariana não estão registados oficialmente, não foi possível para os autores deste estudo analisar as taxas de um modo mais comum. Em vez disso, usaram dados sobre o primeiro casamento e o atual estado civil de mais de 500 mil mulheres, recolhidos de estatísticas de saúde e demográficas nacionais.
Em termos um pouco mais concretos, este estudo concluiu que em países como o Burkina Faso, os Camarões, o Quénia, a Tanzânia, o Uganda ou o Zimbabwe a taxa de divórcio se manteve constante ao longo dos últimos 20 anos. No entanto, houve um declínio nesta taxa de cerca de 10% no Benim, no Gana e no Níger, e reduções um pouco mais baixas na Libéria, no Malawi, na Namíbia, no Senegal, no Togo e na Zâmbia.
A probabilidade de divórcio nos primeiros 20 anos de casamento regista variações substanciais, estando a mais baixa no Mali (6,9%) e a mais alta no Congo (47,1%). Fonte: Aqui