quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

HIPOCRISIA POLÍTICA?
 
Na sessão parlamentar ordinária do dia 16 de Dezembro, da Assembleia Nacional Popular, alguns deputados da nação abordaram assuntos pertinentes sobre o nosso país. Indignaram-se contra o estado actual das infraestruturas e equipamentos na nossa terra, com atenção centrada nos hospitais e postos sanitários. Queixaram-se, por exemplo, da flagrante falta de lençóis, colchões e comida, para os doentes internados nesse hospital de referência. Alguns deputados recordaram o caso de doentes que roubavam lençóis depois da alta médica e levavam para as suas casas. Não se chegou, pois, a saber se essa observação em concreto, dos deputados serviam, ou não, para justificar a irresponsabilidade dos gestores públicos incapazes disciplinar os funcionários e controlar o património público. Os deputados concluíram mesmo que a causa da sobrelotação de doentes no hospital Simão Mendes - já de si saturado e incapacitado - prende-se com a escassez de equipamentos hospitalares modernos nos postos de saúde dos bairros periféricos da cidade de Bissau. 

Retórica ou não, o deputado da nação, Braima Cubano, do PRS, usou da palavra para denunciar a atitude nojenta e cínica dos políticos do nosso país. Disse o deputado, com todas as letras que os nossos políticos são hipócritas. De facto, segundo Braima Cubano, nenhum cidadão honesto deste país seja capaz de explicar hoje porquê que durante campanhas eleitorais se esbanja tanto capital (dinheiro), mas chegados ao poder, os políticos alegam a incapacidade orçamental para equipar, por exemplo, hospitais, escolas, estradas, etc. Mas porquê?
 
Informa-se, portanto, que a insinuação do deputado Braima Cubano é um espécie de grito de repúdio de atitudes nojentas e criminosas como as do deputado Nado Mandiga, que fora apanhado com "mala de dinheiro" a compra votos de deputados durante à aprovação do Orçamento Geral do Estado do actual governo de Carlos Correia. Pergunta-se se a liderança do PAIGC foi capturada pelo PCD? Braima Camará (Bá Kekutó) ousou mesmo acusar directamente e sem papas na língua, nesse mesmo dia, mas já fora do hemiciclo, o dito-cujo pedófilo de aliciar os deputados da nação. Matéria pura para o Ministério Público averiguar.  Os dois quase chegavam a vias de facto, se não fossem separados pelos deputados mais antigos e experientes.
 
A indignação do deputado Braima Cubano, também era, no nosso ponto de vista, legítima. Chamou os gestores públicos de mendigos. Disse, com razão, que nós pedimos tudo. E que dependemos essencialmente do exterior para sobreviver. O que de facto não deixa de ser preocupante. Citou o episódio do avião que transportava no dia 13 de Dezembro o Presidente da República, José Mário Vaz, para assistir a tomada de posse do seu homólogo da Guiné-Conacria, e que por motivo de avaria do mesmo fora obrigado a regressar ao país. Perguntou: se tivesse havido acidente mortal nesse dia, qual seria o tema da sessão parlamentar?

Senhores deputados da nação, temos propostas coerentes. Desde já podemos avançar humildemente com uma dela. Enquadra-se no Retorno de Quadros Qualificados ao nosso país, que a Organização Internacional das Migrações tem vindo a promover no nosso país. O Estado guineense, no nosso ponto de vista, deveria  cooperar seriamente com a OIM no sentido equipar e dignificar os hospitais e postos sanitários.
 
FELIZ NATAL E ANO NOVO PRÓSPERO!