domingo, 8 de janeiro de 2017

GUINÉ-BISSAU: PRESIDENTE DENUNCIA DESFALQUE/PECULATO DO EX-PRIMEIRO-MINISTRO, DOMINGOS SIMÕES PEREIRA

 
Tradução: Bambaram di Padida
 
O presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, afirmou que cerca de 100 milhões de euros de receitas fiscais foram desviados pelo ex-primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, cuja a sua destituição por causa desse desfalque originou a crise política que o país atravessa.
 
É triste, é como se o país tivesse sido enfeitiçado. São 62 bilhões (cerca de 95 milhões de euros) que foram desviados, disse Mário Vaz na Sexta-feira a noite na receção oferecida pelo ministro do interior, Botche Candé.
 
Segundo ele, são tais práticas que o levaram a demitir em Agosto de 2015 o governo de Simões pereira, líder do PAIGC, partido que ambos pertencem.
 
Contactada pela AFP, a equipa de Simões Pereira recusou-se a reagir de imediato.
 
Quando  denunciei pela primeira vez a corrupção no aparelho do estado, as pessoas  me criticaram por não ter apresentado qualquer prova. Eu não sou precipitado,  porque cada coisa tem o seu tempo.
 
Hoje há evidências, ou seja, provas existem, disse Vaz visivelmente irritado, que trazia um volumoso dossier, no qual, se encontravam segundo ele justificativos ou comprovativos, sem indicação  da sua proveniência ou origem.
 
Onde estão as receitas das alfândegas e dos impostos que normalmente representam 4 a 5 bilhões de FCFA (6 a 7,6 milhões de euros) por mês? insistiu.
 
Os autores desses desvios devem responder pelos seus atos. Mesmo o presidente deve enfrentar a justiça, prossegui Mário Vaz, salientando que uma comissão anticorrupção foi criada.
 
Um novo Primeiro-Ministro foi nomeado em Novembro último para tirar o país da crise política, Sissoco Embaló, foi empossado com o seu governo no dia 13 de Dezembro, mas o PAIGC o rejeitou como o seu antecessor acusando José Mário Vaz  de ter violado o acordo de Conacri
 
O acordo assinado no dia 14 de Outubro de 2016, sob  os auspícios do Chefe de Estado da Guiné, Alpha Condé, no quadro de uma mediação dos estados de África Ocidental, previa um "processo consensual" para escolha do primeiro-ministro de confiança do Presidente da República, que deve permanecer no cargo até a realização de eleições legislativas em 2018.
 
De acordo com a constituição a escolha do primeiro-ministro retorna o partido maioritário. Mas o PAIGC perdeu a sua maioria absoluta de 57 assentos de 102  com a saída dos seus 15 deputados, José Mário Vaz, quer  apoiar-se na nova maioria alternativa constituída por 41 deputados do PRS segunda força política e 15 deputados dissidentes do PAIGC.