A iniciativa de ‘Bassora de Povo’ é um desejo epistemológico de uma geração de jovens guineenses pós-revolução de acabar com a crise estrutural que tem fustigada a nossa jovem democracia. É uma espécie de uma querença mental de uma força intelectual interna de uma geração que tem dificuldades de contar cabelos de cabeça da geração da revolução que conquistou a independência nacional.
Claro! É aceitável, porque o desejo faz parte da natureza humana e é um dos motores que impulsionam a conduta humana, sobretudo, dos jovens intelectuais como os da ‘Bassora de Povo’ que em boa verdade deveria ser ” Bassora di Pubis” para não vestir a roupagem da discursata que não transporta uma visão estrutural para a resolução da crise política e institucional em que o nosso país se encontra hoje mergulhada.
A iniciativa de Bassora de Povo não deve ser uma atitude acusativa a outrem com a pretensão intelectual de assumir a visibilidade mediática de uma geração de revolucionários epistémicos de século XXI. Se assim for, será o desejo de desejar nada na solução estrutural da crise política e institucional que a sociedade política nacional instaurou no país, que todos nós realmente somos vítimas.
A visão epistemológica da iniciativa ‘Bassora de Povo’ não deve ser uma visão estrutural que acabe no eterno cenário de dinheiro e de visibilidade barata várias vezes construídos e reconstruídos pela geração Pós-Revolução no nosso país. É preciso que esta geração intelectual da iniciativa de ‘Bassora de Povo’ se assuma um carácter de um estoicismo exemplar para “bassorar” as suas ideias no povo da Guiné-Bissau. Ao invés, a sua iniciativa se transformará também, como tantas outras iniciativas, num mero slogans e não num projeto estrutural para a solução da crise política e institucional que reside há décadas na pátria de Amílcar Cabral.
Para além de comunicar para a comunidade nacional ouvir e falar bem da visão de “bassoramento” do povo é preciso explicar muito bem várias outras motivações de desejos de poder que poderemos encontrar pelo caminho de “bassorada” de povo. Será que durante os cinco anos de caminha não surgirá outras motivações variadas como recordações das vivências de passado agradáveis para uns e desagradáveis para outros. Que remédios têm para “bassorar”, por exemplo, as raízes dos golpes de Estado ou a “bassorada” só será paliativamente quando os golpistas consumarem a sua ação e assumirem o poder.
No estoicismo na geração de intelectuais guineenses, a felicidade não deve residir apenas no desejo de manifestar o querer fazer que acabe na visibilidade mediática de estimularem o seu recrutamento para militância partidária. Deve ser uma comunicação eficaz e estruturante de um diálogo que se pretenda que seja agenda diária de todas estruturas públicas da esfera pública da nossa sociedade, em particular, a da sociedade política que é autor de toda essa crise política e institucional que hoje reside no nosso país.
Se termos em considerações, sem querermos ser pessimistas, as funções pelas quais uma sociedade humana produz uma outra geração da sua espécie, veremos que a nossa esperma nacional, para além, da geração da revolução nacional nunca produziu, na nossa vivência pós-independência, uma geração com pensamento nacional. Mas, aí está ‘Bassora de Povo’ uma iniciativa que todos nós esperemos que seja realmente um projeto e não um slogan que possibilite mais um recrutamento dos jovens intelectuais para a sociedade política nacional.
Por: António Nhaga
Diretor-Geral
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