quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Editorial: DIGITALIZAÇÃO DA DEMOCRACIA NA GUINÉ-BISSAU

A Comunicação política da nossa sociedade política nacional está hoje toda ela num processo de migração para uma democracia Digital sem olhar para necessidade de redefinirmos a própria Noção da Comunicação Política no sentido de estabelecermos as regras sobre os conteúdos democráticos que deverão ser produzidos e consumidos na nossa esfera digital nacional.
 
A bulha pela digitalização de conteúdos políticos na esfera pública nacional atingiu uma dimensão de pobreza incompreensível no nosso país porque as plataformas e as redes sociais da nossa sociedade política deixam de estar concentradas na produção de conteúdos de qualidades democráticas para o espaço público nacional, passando apenas a produzir conteúdos para o consumo dos seus ativistas políticos no sentido destes pulverizarem a nossa sociedade democrática.
 
Todo este cenário de pulverização de conteúdos políticos da nossa sociedade política democrática no processo de migração para Digital alterou e de que maneira o padrão de consumo de conteúdos tradicionais da Comunicação Política das democracias conhecidas pelo mundo fora no nosso país. O que coloca a democracia nacional perante a necessidade de redefinir o conceito de conteúdo de Comunicação Política e tornar público os seus indicadores e os seus critérios relevantes que os qualificam como uma Comunicação Política de uma sociedade democrática.
 
A sociedade política nacional precisa de produzir na sua Comunicação Política, nesta Era Pós-Verdade, conteúdos que tenham uma dimensão de conteúdo de massa da esfera pública que promova o diálogo entre a comunidade dos cidadãos nacionais. Ou que seja um conteúdo político que tenha a visão da satisfação das necessidades do Zé-Povinho de Bandim e não dos líderes da nossa sociedade política nacional.
 
Estes conteúdos não devem ser de pulverização política de “Mandjuandade” interna nem de acusações e de incitações a violência popular de uma parte dos militantes contra a outra parte. O conteúdo de uma Comunicação Política Democrática é hoje, em qualquer país democrático, de transformar agenda partidária numa agenda de comunidade de cidadãos que habitam no Estado de um determinado país democrático.
 
Nas sociedades democráticas, sobretudo nesta Era Pós-Verdade, os conteúdos da Comunicação Política da sociedade política devem atender plenamente as necessidades e as expectativas da comunidade dos cidadãos que vivem num determinado Estado de um país. Assim sendo, a nossa sociedade política deve produzir, na sua Comunicação Política, os conteúdos que satisfaçam as expectativas democráticas dos guineenses nesta migração para digitalização da Comunicação Política nacional.
 
Nesta fase de migração para a digitalização da Comunicação Política Nacional, os líderes da nossa sociedade política devem ter a Noção Democrática de matriz de Indicadores de Qualidade para a produção de uma Comunicação Política democrática. O primeiro requisito fundamental para a matriz de Indicadores de Qualidades na produção de uma Comunicação Política é a responsabilidade social da Direção e de líderes da nossa sociedade política de cumprir, de forma clara e inequívoca a missão, a visão e os valores das democracias parlamentares. Para isso, é necessário, nesta Era Pós-Verdade, produzir uma Comunicação Política de qualidade consubstanciada nos factos e não nas versões de factos que pulverizam a nossa democracia nacional. Aliás, está hoje mais de que provado que as versões dos factos políticos que a sociedade política dissemina nunca definiram e nem definirão de uma forma clara e inequívoca a compreensão da responsabilidade social dos políticos para com os seus governados. No caso da Guiné-Bissau o Zé-Povinho de Bandim hoje consome as várias versões de factos que circulam diariamente na nossa esfera pública nacional.
 
A nossa sociedade política deve produzir, na sua Comunicação Política, conteúdos de qualidade política democrática e não conteúdos de pulverização democrática da sociedade guineense como temos vindo assistir nas últimas décadas no nosso país.
 
Para a nossa sociedade política nacional produzir, na sua Comunicação Política, conteúdos digitais que atende plenamente as necessidades e as expectativas da comunidade dos cidadãos nacional é necessário primeiro conhecer as verdadeiras expectativas de Zé-Povinho de Bandim e as procurar satisfazer, mudando, assim, o seu comportamento político democrático rumo a uma verdadeira democracia social que vigora hoje no mundo.
 
Uma Comunicação Política de uma sociedade política deveria promover um contacto saudável entre a classe política e os cidadãos do nosso Estado. Infelizmente, o conceito de uma Comunicação Política de Qualidade não tem a mesma apreensão comum do mundo no nosso país. Para a maioria da nossa sociedade política a qualidade de uma Comunicação Política reside na pulverização das suas ativistas políticas para esmagar os seus adversários políticos na esfera política nacional.
 
Nas sociedades democráticas estão subjacentes a preservação e a ampliação do direito de cidadão a um conteúdo político plural que permita um debate de interesse público para o bem-estar do exercício de democracia que consolida e preserva sempre as instituições de um Estado forte no exercício da democracia. A sociedade Política que não produz um conteúdo de qualidade na sua Comunicação Política, não pode, nas atuais sociedades democráticas, sustentar a esperança de conquistar o poder nas urnas porque não tem um curriculum vitae visível socialmente para governar cidadãos da esfera pública habituados as qualidades de debates dos Media.
 
Olhando para a Comunicação política nacional compreende-se logo que os nossos políticos pretendem comunicar simultaneamente com o “céu e o inferno”. Porque os cidadãos nacionais têm pouco mostrado o interesse pelos temas relacionados com a política, desacreditando cada vez mais na comunicação política da nossa sociedade política. Por outro lado, os líderes da nossa sociedade política, não compreenderam ainda que comunicar o mandato não é a mesma coisa que informar o que está acontecer. Para impactar os cidadãos é preciso agregar os valores e ajustar o conteúdo da informação a realidade dos factos e não a realidade das versões dos factos.
 
 
António Nhaga
Diretor-Geral