segunda-feira, 25 de setembro de 2017

RWANDA: BNP PARIBAS ACUSADO DE "CUMPLICIDADE DE GENOCÍDIO"

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Kigali - Juízes franceses foram designados para investigar uma queixa de uma associação de Organizações Não-governamentais que acusa o banco BNP Paribas de ter financiado uma compra de armas para a milícia hutu, durante o genocídio de 1994, no Rwanda, soube hoje à AFP, junto de uma fonte ligada ao processo.

A informação judiciária foi aberta a 22 de Agosto este ano por "cumplicidade de genocídio e cumplicidade de crimes contra a humanidade" e caso foi confiado a magistrados da área de genocídios e crimes de guerra do tribunal de grande instância de Paris.

Este tribunal já instruiu cerca de 25 processos ligados ao genocídio rwandês, disse à AFP o procurador de Paris.

A Associação Anti-Corrupção Sherpa, o Colectivo das Partes Civis para o Rwanda (CPCR) e a  Organização Não-Governamental Ibuka France (Memória e Justiça) acusam o grupo bancário francês de ter permitido em Junho de 1994 o "financiamento para a  compra de 80 toneladas de armas" a favor da milícia hutu, em pleno genocídio de Tutsi e em violação a um embargo decretado pelas Nações Unidas.


Essas ONG's intentaram em Junho deste ano uma queixa que se constituem parte civil, para que os juízes de instrução têm acesso a esse processo.

Vinte três anos após os massacres, embora a atitude das autoridades francesas foi sempre objecto de controvérsia,  é a primeira vez que um banco gaulês é suspeito de cumplicidade.

As associações afirmam que o BNP  autorizou, a 14 e 16 de Junho de 1994, transferências de fundos por mais de  1,3 milhão de dólares  (1,14 milhão de euros) da conta que Banco Nacional do Rwanda (BNR) detinha na instituição bancária francesa para a conta na Suíça de Willem Tertius Ehlers, proprietário  sul-africano de uma sociedade de tráfico de armas.

No dia seguinte, Ehlers e o  coronel Théoneste Bagosora, um militar hutu considerado como teórico do genocídio dos tutsi, e depois condenado pelo Tribunal Penal Internacional para o Rwanda (TPIR), tinham concluído em Seychelles uma venda  armas de 80 toneladas de armas, que em seguida foram encaminhadas  para Gisenyi no Rwanda, via aeroporto zairense de Goma, atestam as ONG's.

 A partir de Abril de 1994, pelo menos 800.000 pessoas, uma imensa maioria de Tutsi, tinham sido massacrados, uma matança que visou vingar a mote do presidente hutu Juvénal Habyarimana, num atentado ao seu avião.

Fonte: Angop

Foto: internet