segunda-feira, 25 de setembro de 2017

GUARDA DE ‘CASA HISTÓRICA’ EM LUCADJOL REVELA QUE TRABALHA HÁ QUARENTA ANOS SEM RECEBER SALÁRIO

Depois da independência, o PAIGCWOOD sequestrou o país,  formou grupinhos de mama taco em Bissau e esqueceu-se do resto, ou seja, O PAIGCWOOD elegeu a independência como a sua única causa  durante a luta da libertação e abandonou as outras subsequentes de maior importância para organização do estado de direito, com vista ao desenvolvimento, transformando-se num partido dos casos: intriga, corrupção, peculato, nepotismo, enriquecimento fácil e disputa desenfreada de lugares no governo ou nos altos cargos públicos. A independência era o seu único objectivo, uma vez conseguida, achou a sua missão terminada. O  PAIGCWOOD nem sequer foi capaz de conservar, pelo menos, as infraestruturas e o património herdados da administração colonial, tudo se encontra na mais completa degradação. O PAIGCWOOD é tão incapaz até para resolver os problemas internos criados por ele mesmo. Senão, vejamos. A presente crise no país teve origem no seu seio, devido às intrigas de que são especialistas os seus membros na disputa de poder, mas até ao momento ainda não conseguiu ultrapassá-la, mantendo o país como refém dos interesses, meramente, partidários. JOMAV contamos consigo para desmantelar os gangsters do PAIGCWOOD e grupinhos de mama taco desse partido-MONSTRO.

[REPORTAGEM] Guarda da ‘Casa Histórica’ de Lucadjol e igualmente régulo desta aldeia, Aldjuma Embaló, revelou durante uma entrevista exclusiva ao semanário O Democrata, que leva já mais de 40 anos sem receber da parte do Estado guineense nenhum franco CFA como salário ou subsídio, tendo em conta o serviço de guarda que faz para manter segura e limpa aquela que é considerado o primeiro edifício construído pelo partido (PAIGC) durante o período da luta de libertação e que servia do gabinete do líder de guerra, Amílcar Cabral e, que é conhecido por “Casa Histórica”.


Madina de Boé fora conquistado totalmente pelos guerrilheiros do partido em 1969, depois da famosa retirada das forças portuguesas conhecida historicamente por “Desastre do Cheche – Tchetche”, que provocou a morte de 47 tropas portuguesas ao atravessar o rio Corubal. Partido instalou-se em Boé e concretamente em Lucadjol, uma aldeia rodeada pelas colinas, no entanto, construiu-se um edifício em cima de uma das colinas, que serviu do gabinete de trabalho do líder de guerra, Amílcar Cabral e fez-se também uma cobertura para servir igualmente do local de reuniões.

O referido edifício é considerado hoje de ‘Casa Histórica’ e recebe a visita de dezenas de pessoas, tantos cidadãos nacionais e estrangeiros provenientes de diferentes países para conhecer um pouco da história da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde. Segundo a explicação dos habitantes havia alguns materiais de Amílcar Cabral no gabinete, mas os mesmos foram todos retirados por um dos administradores que passou no setor e sem, no entanto, dar satisfação aos populares e razão pela qual, não se vê nada hoje no local e apenas um edifício velho com telhas novas.

LUCADJOL – ALDEIA HISTÓRICA ABANDONADA DEPOIS DA PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA

Lucadjol é uma aldeia que acolheu a maior base do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e fora nas matas desta mesma aldeia que se realizara a primeira Assembleia Nacional Popular, que proclamou a independência unilateral da República da Guiné-Bissau, a 24 de setembro de 1973. Lucadjol é uma aldeia de Setor de Boé, região de Gabú, no leste do país.

Aldeia se encontra a 97 quilómetros da cidade de Gabú (sede da região), mas leva-se mais de seis horas de tempo numa viatura em boas condições para viajar naquela zona, devido a má condição das infraestruturas rodoviárias que nem sequer parecem estradas.  A rota mais usada para viagem é a partir da cidade de Gabú, passando pelo rio Tchetche através de uma jangada, depois seguir a viagem e passar pela sede do setor (Beli) e continuar até a seção de Lugadjol, que devido o isolamento apresenta característica de uma pequena aldeia de ‘criadores de gado’.

A aldeia histórica tem uma população estimada em cerca de 100 habitantes, de acordo o senso do Instituto Nacional de Estatistica (INE) de 2009. Lugadjol, é oficialmente a sede do setor de Madina do Boé, mas devido ao isolamento e a degradação avançada das infraestruturas que albergavam as instituições estatais, a sede do setor foi transferida para a seção de Beli, que se encontra a 12 (doze) quilómetros de distância.

A população local vivia um sonho de uma dia ver desenvolvida a aldeia que serviu como o berço da independência da Guiné-Bissau. Foi a partir desta famosa aldeia que o partido começou a implementar a raíz do Estado, pelo que de acordo com os habitantes o líder da guerra, Amílcar Cabral, prometia transformar aquela aldeia desenvolvida e num centro do turismo para as pessoas que querem conhecer a história da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde.

Um dos professores da escola primária abordado pela equipa de reportagem, lamentou que o sonho de transformar aldeia de Lucadjol numa pequena cidade turística e desenvolvida morreu com Amílcar Cabral. Samba Sane, frisou ainda que o próprio o partido libertador que dirigiu o país vários anos, abandonou Lucadjol depois da proclamação da independência.

No entanto, contou ainda que para além do isolamento e da falta de infraestruturas rodoviárias, tem a ver com a questão da água potável, que tem fustigado e muito a vida das mulheres e jovens raparigas que percorrem quilómetros a procura deste líquido precioso para satisfazer as suas necessidades.

Contudo, avança que nesta época da chuva nota-se a maioria considerável neste sentido, dado que regista-se o furo da água (lagoa) em matas que são usadas pela comunidade.

ALDJUMA EMBALÓ: @PROMETERAM SALÁRIO PARA O SERVIÇO DE GUARDA DE CASA, MAS NÃO RECEBO NADA”

O veterano de guerra que faz o serviço de, explicou durante a entrevista que fora solicitada pelas autoridades para cuidar da “Casa Histórica”, de formas a evitar a sua degradação. Lembrou, no entanto, que na altura as pessoas que foram conversar com ele tinham prometido salário mensal para o referido serviço.

“Eu fiz mais de 40 anos a cuidar desta casa, mas não recebo salário e muito menos subsídio. Lembro-me que prometeram o salário para fazer este serviço, conta para o mundo a nossa situação nesta aldeia. Sou o régulo desta aldeia, por isso entraram em contacto comigo e pediram-me para cuidar desta casa, então, foi a partir dali que passei a preocupar-me a limpar a casa”, contou.
Questionado o porque de não parar o serviço se não recebe o salário que teria sido prometido, respondeu que decidiu fazer o serviço e mesmo sem receber nada, porque “a casa é o nosso património, as pessoas vêm aqui, de diferentes nacionalidades para visitar a casa, eu acompanho-lhes até a montanha para visitar a casa”.

“Aldeia está totalmente abandonada e os edifícios velhos são sinais do desenvolvimento que o governo do falecido presidente Luís Cabral, pretendia fazer nesta aldeia. Se os turistas tugas chegarem aqui, as vezes lhes custam acreditar se é aqui a aldeia de Lucadjol, então a única coisa que temos para comprovar agora é a Casa Histórica, por isso todos nós damos os nossos esforços para a preservação do edifício”, explicou o guarda da casa.

Interrogado se há alguns materiais ou arquivos de livros no edifício, Aldjuma Embaló, disse que havia materiais no interior do edifício. Aproveitou, no entanto, a ocasião para denunciar que os referidos materiais foram retirados da “Casa Histórica” por antigo administrador, Aladje Yéro, que levou os materiais para a cidade de Gabú e, sem o consentimento da população local e muito menos dele na qualidade do régulo da aldeia e de guarda do edifício que nem sequer chegou a ser informado.

“Estava no interior do edifício cadeiras, secretárias e alguns livros. Primeiro as pessoas que visitam o local faziam as fotografias das cadeiras, mesas e outros objetos. Agora não há nada no local e os próprios visitantes lamentam a situação, porque não há nenhum objeto que as pessoas podiam ver como um dos instrumentos usados por Cabral na altura”, referiu.

O régulo de Lucadjol apelou o Estado guineense de ajudar a sua comunidade que está totalmente isolada, como forma de impedi-los de se deslocar para a república vizinha da Guiné-Conacri.

“Há um grande número dos cidadãos guineenses neste momento nesta zona com os documentos da Guiné-Conacri, porque não têm disponibilidade de conseguir os documentos aqui. Uma das razões também tem a ver com o acesso facil de alguns serviços, em particular a saúde e a actividade comercial. Aqui estamos muito isolados sem comunicação e a estrada não facilita a ligação, então muitas pessoas viraram o rosto para a Guiné-Conacri. É urgente o Estado mudar as coisas e criar as condições que permitam que as populações sintam a vontade”, advertiu o régulo de Lucadjol.


Por: Assana Sambú
Foto: AS 
2017