Falando em conferência de imprensa à margem dos trabalhos da 31ª cimeira ordinária da sua organização, o comissário da UA para o Comércio e Indústria, Albert Muchanga, reconheceu que a sua instituição tomou conhecimento de tais alegações e que acompanha de perto a situação.
“O Conselho Executivo já ordenou uma investigação sobre essas alegações, a investigação está em curso e os resultados, uma vez disponíveis, serão comunicados à imprensa", declarou o comissário Muchanga, diplomata zambiano ao serviço da União Africana.
Rumores amplamente divulgados, nos últimos dias, dão conta da existência de “casos graves” de corrupção, ativa e passiva, envolvendo os órgãos e pessoal da organização pan-africana.
A primeira e mais estrondosa denúncia de escândalo de corrupção partiu de um alto funcionário da própria instituição em Addis Abeba, que decidiu dizer “basta” e colocou o seu cargo à disposição para manifestar a sua repulsa contra o que chamou de “falta de integridade no seio dos órgãos da União Africana”.
Os factos reportam-se aos primeiros dias de Junho passado, em plena fase de preparativos desta 31ª cimeira ordinária da UA de Nouakchott.
Trata-se do consultor ganense Daniel Batidam, então membro eleito do Conselho Consultivo da União Africana de Luta contra a Corrupção (CCUAC), que pediu a sua demissão depois de três anos de funções.
Batidam denunciou alegados casos de má governação, abuso do poder para fins pessoais e falta de integridade no seio dos órgãos da UA, incluindo, e curiosamente, no próprio CCUAC a que ele pertencia.
Numa carta datada de 8 de Junho deste ano, ele manifesta a sua repulsa contra o que apelidou de “múltiplos atos de más práticas no seio da UA”, numa altura em que a organização declarou 2018 como o ano da luta contra a corrupção por parte dos Estados africanos.
Daniel Batidam falou igualmente em “falta de probidade e transparência no seio do Secretariado do Conselho Consultivo da União Africana de Luta contra a Corrupção e no seio de vários departamentos da própria Comissão da União Africana, o principal órgão da UA em Addis Abeba, atualmente presidido pelo diplomata tchadiano Moussa Faki Mahamat.
O seu pedido de demissão foi aceite numa carta datada de 14 de Junho, assinada por Kwesi Quartey, do gabinete de Moussa Faki.
Este ato, porém, veio a revelar-se alegadamente irregular diante do regulamento interno da União Africana, nos termos do qual não compete à Comissão da UA aceitar ou não a demissão de Daniel Batidam, mas ao Conselho Executivo.
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