Dezassete membros da minoria
muçulmana peul centro-africana foram mortos dia 23 num ataque ao seu
acampamento perto de Bambari, no sul, por milícias cristãs anti-balaka, revelou
hoje um oficial das forças da União Africana.
"Dezassete
pessoas, todas da minoria peul, foram mortas dia 23 num ataque ao seu
acampamento por jovens armados que se identificaram como anti-balaka. Alguns
corpos foram mutilados e brutalizados pelos atacantes", precisou um
oficial em Bangui em anonimato. O oficial adicionou ainda que este ataque
poderá ter sido um "ato de represália" de combatentes da ex-rebelião
Séléka, maioritariamente muçulmana, sobre a cidade de Bambari.
"Este
ataque traz a violência para o centro de Bambari, onde tiroteios em certas
zonas fizeram vários mortos e feridos, obrigando perto de 6000 pessoas a
abandonar as suas casas e procurar refúgio na catedral de São José",
informou o oficial.
Quando
interrogados pela AFP sobre esta nova onda de violência, os responsáveis
anti-balaka em Bangui negaram que os seus militantes estejam por trás destes
ataques, afirmando que "os jovens incontroláveis agem com o seu próprio
chefe e com razões desconhecidas".
Há duas
semanas perto de 22 pessoas foram mortas por indivíduos armados assimilados aos
ex-séléka e aos peuls armados na aldeia de Liwa, no sul do país, e na semana
anterior cerca de dez corpos com marcas de violência foram retirados do rio
Ouaka, na região de Bambari.
A República
Centro Africana vive uma crise sem precedentes há mais de um ano. Os ataques de
grupos armados contra civis já fizeram milhares de mortos e centenas de
milhares de desalojados.
Vários civis
muçulmanos são obrigados a fugir de regiões inteiras face à violência das
milícias anti-balaka, enquanto em outras regiões a população cristã está sobre
a ameaça constante de combatentes Séléka.
Num
relatório publicado hoje, a Federação Internacional da Liga dos Direitos do
Homem recorda que os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade continuam
a ser cometidos na República Centro Africana no centro de um "conflito de
impunidade", e os autores continuam a escapar em grande maioria devido ao
falhanço do estado centro africano. Fonte: Aqui