O recém-eleito Presidente da Guiné-Bissau afirmou hoje que qualquer decisão estratégica sobre o futuro do país passará por um diálogo interno que preserve a estabilidade, assegurada pelos próprios guineenses e não pelo exterior.
"O que nos interessa é a estabilidade do nosso país que passa pelo entendimento entre nós os guineenses" e "assumir a estabilidade como um fator importante" para o país, afirmou hoje à Lusa José Mário Vaz, que não quis tomar posição sobre a proposta do alargamento da força internacional de estabilização no país à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
"Eu terei que ouvir a Guiné-Bissau antes de me pronunciar sobre esses assuntos", afirmou o Presidente guineense, que tomou posse esta semana e que quer analisar os vários dossiês pendentes.
Falando em Malabo, horas depois de ter sido saudado pelos membros da cimeira da União Africana (UA) pelo regresso da Guiné-Bissau à organização internacional, José Mário Vaz mostrou-se sensibilizado com a atenção dada ao país.
"Voltámos à grande família africana neste momento" e "fico satisfeito com a forma como fomos saudados", num sinal de que "as pessoas sentiram a falta da Guiné-Bissau nesta grande família", disse José Mário Vaz.
Agora, o Presidente guineense promete apoiar a "fortificação da União Africana" no contexto internacional: "Juntos podemos fazer do continente um grande continente".
A 23.ª cimeira de chefes de Estado e de governo da União Africana (UA), que teve hoje início em Malabo, tem como tema central "Agricultura e Segurança Alimentar".
Este também foi um dos temas em debate na campanha eleitoral da Guiné-Bissau, recordou José Mário Vaz, que defende uma autonomia alimentar no país, em particular na produção do arroz.
"A família guineense carecia deste bem que era o arroz", disse o chefe de Estado, recordando que, quando era ministro das Finanças, o país gastava "50 milhões de dólares por ano em importações" deste cereal.
Por isso, a prioridade é o apoio à produção local, "não somente para criar mais riqueza" mas também para ajudar a "resolver um grande problema que é o desemprego dos jovens", disse.
Durante os trabalhos, que terminam sexta-feira, a cimeira deve adotar uma Declaração sobre Crescimento da Agricultura e Objetivos até 2025.
Os chefes de Estado e de Governo da UA deverão ainda analisar propostas de alterações em órgãos como o Parlamento Panafricano e o Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos e discutir o projeto de estatutos do Fundo Monetário Africano.
A cimeira assinala também o regresso do Egito à UA, após a suspensão da organização devido à instabilidade interna. Fonte: Aqui