Lubango - O padre católico Jacinto Wacussanga juntou-se a sua vez para repudiar um caso que esta a chocar a sociedade angolana que tem haver com uma professora, na província da Huíla, que foi espancada pela Polícia Nacional com o seu bebé do colo, de nove meses.
Fonte: Club-k.net
A professora Maria de Sousa fazia parte dos educadores que foram detidos pelas forças de segurança a margem de uma revindicação que lhes tem custado ameaças do governador provincial Marcelino Chipingue, que considera haver uma mão invisível por detrás da paralisação das aulas.
O padre Jacinto Wacussanga que comunicou a soltura dos educadores através do facebook, relatou que “tal como alguns já devem estar informados, os vinte professores detidos foram libertos ontem à noite (devia ser a volta das 18.30H).”
“Agradecemos a todos vós que assinastes a NOTA DE PROTESTO. O Assunto não terminou ainda pois se trata de uma liberdade condicionada enquanto se faz instrução do processo e o mesmo segue os trâmites normais. Mas se não fosse a presença e o trabalho do Dr.David Mendes, os detidos corriam o risco de serem julgados sumariamente, numa fachada de palhaçada, onde eventualmente os mesmos poderiam ser condenados e ficarem mais dias na cadeia”, lamentou
Ainda segundo o sacerdote “Foi muito doloroso ver aquela professora a ostentar no seu colo o bebé de nove meses, sem falar das que deixaram suas crianças sem protecção. Não tenho palavras para exprimir o que senti ao ver aquele cenário. Mas alguns líderes da sociedade civil combinaram distribuir a NOTA DE PROTESTO e manter encontros com entidades governamentais, policiais, civis e militares envolvidas na repressão de sábado último.”
Professores Temem pelas suas Vidas
De lembrar que pelo menos 13 professores estavam detidos na DIPIC, e a manifestação que pretendiam realizar ficou abortada pela polícia, na tarde de sábado (21) na cidade do Lubango.
A policia aproveitou a ocasião para uma demonstração de força, ao trazer para as ruas o melhor do que tem em material de guerra, como canhões e armas metralhadoras. A polícia segundo testemunhas, perseguiu nas ruas da cidade qualquer que fosse o transeunte que trajasse roupa preta, disparando granadas de gás lacrimogéneo, antecipando-se a concentração dos professores prevista para junto do jardim na Sé Catedral.
Entre os detidos contam-se 7 senhoras, uma grávida e um bebé de nove meses. Contam-se ainda dois responsáveis sindicais, nomeadamente António Kandjaviti e Eduardo Gomes, ambos do secretariado provincial e municipal respectivamente. A polícia segundo João Francisco do Simprof, desencadeou uma “caça as bruxas”, situa-se pela qual se temia que prossiguisse noite adentro.
A organização diz ter cumprido todas as formalidades legais. Na quinta-feira, adiantou o Secretario provincial do Sinprof, coube inclusive à Maria João Chipalavela, Vice-governadora, responder o ofício, informando os professores em como tinha tomado conhecimento. "Não se compreende o porquê da intervenção policial hoje verificada" deplorou a nossa fonte.
Os professores da Huíla declararam greve no dia 2 do corrente mês. Desde então têm recebido ameaças do governador provincial Marcelino Chipingue, que considera haver uma mão invisível por detrás da paralisação dasaulas.
Recentemente o também dirigente do MPLA na província fez um apelo aos militantes do seu partido no sentido destes regressarem as aulas sem pré-condições.
As reivindicações dos professoresna Huíla começaram em 2007, altura em que a província era ainda governada por Ramos da Cruz.
A sucessiva mudança de governadores não ajudou a encontrar a soluções, antes pelo contrário, resultou num acumular de promessas não concretizadas. Isaac dos Anjos tornou-se no mais controverso dos governadores, quando levou os professores para o tribunal, acusados do crime de calúnia e difamação.
*Imagem de arquivo