terça-feira, 24 de junho de 2014

MÉDICOS SEM FRONTEIRAS ALERTAM QUE ÉBOLA ESTÁ FORA DE CONTROLO EM ÁFRICA OCIDENTAL


Dakar - A Guiné-Conakry, a Libéria e a Serra Leoa têm "60 focos activos" de febre hemorrágica, em grande parte devido ao vírus Ébola, que está actualmente "fora de controlo" e ameaça propagar-se para outras áreas, anunciou nesta segunda-feira a organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Esta epidemia "é de uma extensão sem precedentes pela sua distribuição geográfica, pelo número de casos e pelo número de vítimas", anunciou a MSF num comunicado recebido pela AFP em Dakar.
"Sessenta focos activos também foram identificados nestes três países", acrescentou a MSF, sem precisar a distribuição geográfica destes focos.
             
"A epidemia está fora de controlo. Com o aparecimento dos novos focos na Guiné-Conakry, Serra Leoa e Libéria, o risco de propagação para outras regiões é real actualmente", advertiu o médico Bart Janssens, director de operações da MSF.
             
Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os três países registaram desde o começo do ano 567 casos de febre hemorrágica, dos quais 385 foram confirmados por exames como sendo causados pelo vírus Ébola. Ao vírus atribuímos 350 óbitos nos 567 casos recenseados, o que representa uma taxa de mortalidade de 62%.
             
A Guiné-Conakry, onde surgiu a epidemia, é o país mais afectado, com 390 casos de febre, dos quais 267 foram letais. Análises confirmaram a presença do Ébola em 258 casos sobre o total de 390. Entre as regiões mais afectadas estão Gueckedou e Macenta, no sul, Conakry, a capital, assim como Telimele e Boffa, no oeste, e Kouroussa, no leste, de acordo com a OMS.

Segundo a mesma fonte, a Serra Leoa contabilizou 136 casos de febre, sendo 58 mortais. Cento e três de 136 casos foram confirmados como sendo causados pelo Ébola. A epidemia afecta sobretudo as regiões de Kailahun e Kenema, no leste.

Desde 13 de Junho e até nova ordem, as escolas do distrito de Kailahun continuam fechadas e os encontros públicos, proibidos pelo governo.
Segundo moradores ouvidos segunda-feira pela AFP neste distrito, o medo do Ébola levou as populações a reduzir os seus deslocamentos e evitar contactos físicos ao máximo.
             
Graças a uma campanha de sensibilização, os moradores compreenderam os riscos e tomam precauções individuais, anunciou Momodu Momoh, director escolar. Segundo ele, muitos levam permanentemente soluções feitas com cloro que usam como desinfectante.
             
De acordo com a MSF, "a recrudescência de casos de Ébola no oeste da África é atribuída à mobilidade da população, que assiste aos funerais, ou às medidas de controlo de infecção não aplicadas".

O vírus Ébola é altamente contagioso e mortal entre 25% e 90% dos casos, segundo a OMS. É transmissível no homem a partir de animais selvagens e propaga-se em seguida de pessoa a pessoa. Não existe vacina, nem tratamento específico contra a febre hemorrágica. Fonte: Aqui