Por: Okutó Pisilon
Vejam
só como é que um governante pode confundir o saudosismo salazarista, dos
nostálgicos da “guiné-mindjor”, com “um acontecimento cultural”. Quer dizer, o
voo da TAP é festa para os guineenses. Disse o recém-eleito Primeiro-ministro:
“É evidente a vontade das partes em rapidamente criar condições para a retoma
dos voos diretos para Portugal. Já escrevi em tempos, quando tive uma
experiência no jornalismo, que o voo da TAP não é simplesmente um voo
comercial, é um acontecimento cultural. As pessoas vão ao aeroporto
receber o voo da TAP mesmo sem ter alguém a chegar ou a partir. Portanto,
quando alguém vem forçar um sentimento adverso a isso é porque, provavelmente,
tem uma agenda política. O que aconteceu foi, de facto, uma agenda política com
vários aproveitamentos. Muito lamentável da parte de muita gente e prejudicando
a todos. Prejudicando a imagem do país, prejudicando a relação entre dois povos
que são irmãos, tentando introduzir um elemento de desconfiança completamente
dispensável”
É
preciso ler nas entrelinhas o seu raciocínio. O governante não entende que por
imposição histórica a TAP tem sido, ainda, a única companhia a voar para a
Guiné-Bissau. O governante não entende o sentimento do seu povo. Não percebe
que o guineense não escolhe patrão. Não entende o impacto da desilusão política
no espírito dos guineenses, desde os tempos do partido único, na nossa terra.
Não sabe a frequência dos populares nos voos da TAP é a expressão do desejo da
liberdade e de emprego. Não sabe fosse qual fosse a companhia que tivesse o
monopólio da rota, teria a mesma resposta popular. Será que os guineenses não
arriscam as suas vidas para a Europa pela ilha de Lampedusa? Como se pode
reduzir confundir o fenómeno de emigração clandestina com “festa”,
acontecimento cultural dos povos? O camarada sofre de miopia, é engraxador ou quê?
Já era de esperar que o moço de recados, DSP, dissesse um disparate desse tamanho, um alienado, bajulador e defensor dos interesses dos fascistas lusos na Guiné. Os Guineenses esperavam outra atitude e postura da tua parte, ainda estás a tempo de corrigir o erro, ou seja, os guineenses queriam que falasses da modernização da TAGB e consequentemente da sua operacionalidade. Não podemos continuar a depender da companhia aérea dos fascistas lusos, isto condiciona o desenvolvimento da Guiné-Bissau. Pense bem!