Por: Nababu Nadjinal
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Irmãos e
compatriotas,
Minhas senhoras e
meus senhores
Na qualidade de cidadão livre do meu país, Guiné-Bissau, em nome dos
ideais patrióticos da libertação e da liberdade, gostaria de transmitir a Vossa
Excelência os meus sinceros votos de um mandato estável, digno, saudável e competente.
Senhor Presidente,
O Dr. José Mário Vaz, é um pedaço nascido do ventre da nossa terra mãe.
Conhece os tormentos deste povo desde os tempos da colonização portuguesa até
hoje. Decidiu ele próprio entrar na luta com os seus irmãos para carregar sobre
os seus ombros a dura tarefa de liderança. Ganhou! É um homem com as suas
virtudes e fraquezas. Hoje, será investido nesse lugar onde o seu nome e do
grupo que o apoiou desaparecerá, tornando-se Presidente de todos os guineenses,
sem exceção.
Senhor Presidente, a pátria de Cabral forjada na luta virou-se como a
serpente que come os seus próprios ovos, o trabalhador virou vilão, o criminoso
e corrupto honrado. Esta situação nos trouxe desgraça. Por isso, permita-me
recordar a Vossa Excelência as palavras do deputado Luís Nantam, do PRS,
dizendo-lhe que: “As pessoas devem aprender com os erros do passado e não
voltar a comete-los no futuro”. Ou seja, não queremos mais que a legitimação
pelo voto se transforme na “carta-branca” para matar. Não queremos mais a mão
invisível do gang do “navio Bolama” afundado em 1991 perto de Lisboa interfira
na condução do nosso destino.
Senhor Presidente,
Atrás de si, está um povo humilde e trabalhador, mas enxovalhado no mundo.
Gostaríamos, por isso, que na sua função de mais alta magistratura da nação usasse
a sua reputação para mostrar ao mundo o povo que, na verdade, somos, arredando,
de vez, os boatos imundos despejados sobre nós dos mensageiros da desgraça que nada
fazem mais que dividir para melhor reinar.
Nenhum povo no mundo “compra saninho (esquilo) na coba (toca) ”. Ou seja,
pelas promessas de paz, liberdade, unidade e desenvolvimento, na campanha
eleitoral, Vossa Excelência ganhou votos para dirigir o nosso país. Estou certo
que se essas premissas fossem cumpridas o povo sentir-se-á galvanizado, os
cidadãos transformarão em seus soldados e a prosperidade chegará.
Senhor Presidente, na nossa visão, a emigração guineense não pode
continuar a ser encarada como uma fatalidade. Ela é consequência direta do desemprego,
perseguições políticas e falta de liberdade no nosso, desde o tempo do
colonialismo, passando pelo de partido único até aos dias da democracia
aparente em que vivemos. O senhor é formado em economia e faz política, por
isso sabe do que estou a referir. A sangria de mão-de-obra e de talentos para o
estrangeiro não pode continuar a ser uma “equação impossível” dos nossos
dirigentes. O fenómeno encontra explicação na forma de condução política dos
nossos países.
Para terminar, aceita, senhor Presidente, que lhe dedique uma parábola do
discurso do Presidente Obama, em 2009, no parlamento do Gana, sobre a tirania,
onde dizia: a "Democracia é
muito mais do que realizar eleições. Tem também a ver com o que acontece entre
essas eleições. A repressão assume muitas formas e demasiadas nações são
afetadas por problemas crónicos, que condenam os seus povos à pobreza. Nenhum
país irá criar riqueza, se os seus líderes explorarem a economia para se
enriquecerem a si próprios, ou se a polícia puder ser comprada por traficantes
da droga. Nenhuma empresa quer investir num país onde o governo retira para si
20 por cento dos lucros, ou onde o diretor das alfândegas seja corrupto.
Ninguém vai querer viver onde o primado da lei abra caminho a um regime de
brutalidade e subornos. Isso não é democracia, isso é tirania! E chegou agora a
altura de pôr fim a tudo isso!".
Deus abençoe Guiné-Bissau!
Lisboa, 23 de Junho de 2014
Por: Nababu Nadjinal