Por: Okutó Pisilon
O Presidente da República representa e encarna as aspirações mais sagradas do povo guineense. José Mário Vaz jurou à Constituição da Guiné-Bissau e prometeu cumprir as promessas eleitorais, defender, honrar o bom nome e dignificar a imagem do nosso povo. Desconhece-se, portanto, se a sua deslocação, a quente, a Malabo, fosse devidamente acautelada. Refiro-me a necessidade protocolar de integrar na comitiva presidencial, membros do Governo, coordenando assuntos de âmbito internacional. Infelizmente, na partida, para a XXIII Cimeira, a lista dos futuros membros do governo estava ainda rasurada. E, na chegada, aguardava-lhe: o país anfitrião, Malabo (Guiné Equatorial). É do conhecimento público que Malabo pretende aderir a CPLP. E que o Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é um “old hands”. Mas, tudo isso, não impediu que, de fato, o recém-eleito Presidente, José Mário Vaz, fosse bem recebido pelos seus homólogos africanos e ovacionado, inclusivé, por toda a assistência, e de pé, dando-lhe boas-vindas ao clube, na XXIII Cimeira dos chefes de Estados da União Africana sobre agricultura e segurança alimentar no nosso continente.
Ora, burlesco, foi a pirueta perfeita que se deu na agenda da referida Cimeira, a ponto de delinear as provocações intrusas do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português, Luís Campos Ferreira, permitindo-lhe expressar sobre um tema distante dos propósitos pela Cimeira. Expediente, portanto, reservado a soberania dos Estados. As intervenções insultuosas do governante português, Campos Ferreira, naquele fórum, visavam, em primeiro lugar, resumir a Presidência guineense a mera regência de uma província africana de Portugal. Por outro lado, o gesto, precisa de ser encarado como um “ensaio” para a Cimeira da CPLP, prevista para Julho próximo, em Dili (Timor), onde Portugal, e sua claque (Cabo Verde e companhia), se preparam meticulosamente para enxovalhar a imagem das nossas gloriosas Forças Armadas. Não prevejo qual poderá ser a reação da nossa na próxima Cimeira da CPLP em Dili, mas, a criação em Luanda do FOR PALOP pode servir, para já, de resposta e meia para as investidas dos tugas e os seus lacaio.
É cedo para se dissipar as incertezas sobre as ambições políticas reais do recém-eleito Presidente da República da Guiné-Bissau e Comandante em Chefe das Forças Armada. É que ficou um pouco no ar a ideia de que, em Malabo, o nosso Presidente, terá assistido impávido e sereno o espetáculo do forasteiro, Campos Ferreira. Muito embora remetesse a nojenta proposta de “Alargamento da Força Internacional de Estabilização na Guiné-Bissau à CPLP e a Portugal” ao diálogo entre os guineenses de qualquer decisão estratégica sobre o futuro do país e que preserve a estabilidade assegurada pelos próprios guineenses e não pelo exterior, para mim, transmite uma certa timidez! Para esta tentativa de humilhação a resposta precisava de ser mais contundente! E o Presidente ainda vai a tempo de, uma vez por todas, matar o mal pela raiz. E, para que não restem dúvidas, é impreterível que o presidente esclareça se pretende, ou não, que as nossas Forças Armadas voltem a ser o “braço armado” do PAIGC. Porque é dessa promiscuidade político-militar que os tugas e os seus lacaios auguram na nossa terra.